Variedades
Banda criada por Damon Albarn, Gorillaz vem a SP pela primeira vez
Ambos recém-separados, o vocalista do Blur Damon Albarn e o quadrinista Jamie Hewlett, da HQ elogiada Tank Girl, dividiam um apartamento na Westbourne Grove, no bairro de Nothing Hill, em Londres. Numa madrugada de 1997, assistiam ao canal MTV e debatiam a influência da emissora na cultura pop, numa época na qual sua programação era tomada por videoclipes de artistas do rock e do pop. Decidiram criar um grupo que, em crítica, não existiria na vida real, apenas nas telinhas, com personagens em uma realidade próxima da nossa, porém absurda, elevada a situações surrealistas. No Gorillaz, Albarn (com a identidade mantida em sigilo por pouquíssimo tempo) teria a possibilidade de explorar uma estética sonora distante da direção guitarrística do Blur, com hip-hop e beats eletrônicos, enquanto Hewlett deu vida e personalidade a 2D (voz), Murdoc Niccals (baixo), Noodle (teclado) e Russel Hobbs (bateria).
Dezoito milhões de discos vendidos depois, Albarn voltou a procurar o antigo companheiro de flat e de Gorillaz para colocar o grupo de volta em rotação, quatro anos depois de The Fall (2010). “Ele veio até mim, disse que gostaria de ver os Gorillaz de volta à ativa, nesse mundo. E então seguiu para fazer suas coisas, um disco solo dele (Everyday Robots, daquele ano) e um novo álbum do Blur (The Magic Whip, de 2015). E eu fiquei imaginando o que havia acontecido com aqueles personagens, fui desenvolvendo-os, até que chegassem a um estúdio para um novo disco”, diz Hewlett.
Com Humanz, lançado com barulho em 2017, o Gorillaz volta ainda ácido e crítico com a realidade. Desta vez, principalmente, porque para Hewlett, o nosso mundo está se aproximando, perigosamente, do surrealismo detalhado nos videoclipes do grupo. “A distância entre os dois mundos está diminuindo. O mundo está cada vez mais cartunesco, então pensei em como criar um encontro entre esses personagens e o que é real”, ele avalia.
É com esse quinto álbum que o Gorillaz faz sua estreia em palcos brasileiros, na arena montada no Jockey Club – que foi usado como casa nas duas primeiras edições do Lollapalooza, em 2012 e 2013 -, em São Paulo, nesta sexta-feira, 30 – ainda há ingressos à venda, de R$ 140 a R$ 560. No palco, Albarn é o único integrante fixo da banda e comanda o grupo, enquanto no telão a nova narrativa de Hewlett apresenta os caminhos percorridos por 2D, Murdoc Niccals, Noodle e Russel Hobbs recentemente reunidos.
“Alinhamos a história dos personagens e da música que Damon está gravando porque, logo no início, eu vou ao estúdio dele enquanto essas canções estão no início”, revela Hewlett. “Fico por lá, conversamos, brigamos – e tudo bem – e seguimos jogando ideias até que encontramos um lugar em comum. Então, eu sigo para o meu estúdio e vou desenhar o que combinamos.”
No lado musical, Albarn tinha suas baterias recarregadas e passou a colaborar com artistas já conhecidos da banda, como o parceiro costumeiro rapper De La Soul, e nomes da vanguarda do pop e rap, como a vocalista do grupo de punk Savages Jehnny Beth e o poeta e cantor Benjamin Clementine. A lista de colaborações para o disco inclui também gente que se você ainda não ouviu falar, prepare-se, ouvirá em breve: Mavis Staples, Vince Staples, Danny Brown, Popcaan e Kelela. Por fim, Albarn ainda selou a paz com o ex-Oasis Noel Gallagher, banda com a qual viveu a maior rivalidade do britpop, durante os anos 1990.
Como uma banda virtual que se preze, a “viver” num mundo como o nosso, mais virtual do que nunca – com as redes sociais enraizadas nas relações humanas -, o Gorillaz se mostrou atual no seu retorno. Antes mesmo de colocar Humanz no mundo, Hewlett preparou “livrinhos” com a trajetória de cada um dos quatro integrantes da banda, publicados no Instagram do grupo – e as histórias tratam de baleias gigantes (de 2D), de um cativeiro na Coreia do Norte (Hobbs), um cárcere privado (Niccals) e uma trama envolvendo a máfia japonesa (Noodle). “A história tem início na praia chamada Plastic Beach, que é onde vimos os personagens pela última vez”, ele diz. “E, agora, vemos eles tentando se adaptar ao nosso mundo.”
GORILLAZ
Jockey Club São Paulo. Rua Dr. José Augusto de Queiróz, s/nº, Portão 1. 6ª (30), às 21h.
R$ 140 a R$ 560.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Pedro Antunes
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