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Festival de inovação nos EUA vai ter destaque brasileiro
Quatro projetos de origem e orçamentos distintos, que vão de um banco social criado com R$ 15 mil ao desenvolvimento de uma tecnologia bilionária de “carros voadores”, vão subir ao palco da seção do festival South by Southwest um dos maiores eventos de inovação do mundo. Depois da formação de uma parceria local para aumentar a participação brasileira no SXSW, o País deverá ter este ano maior visibilidade em debates sobre soluções para grandes temas globais – como mobilidade, redução da pobreza e desenvolvimento sustentável – no festival.
A agência Lynx, que pertence à Holding Clube, de José Victor Oliva, comprou, no fim do ano passado, os direitos de organizar quatro painéis no SXSW – que acontece em Austin, nos Estados Unidos. Para garantir a relevância dos conteúdos, diz a sócia-diretora da Lynx, Wal Flor, a opção foi selecionar projetos de grandes empresas que tinham resultados concretos para mostrar.
Apesar de os espaços de conteúdo do festival serem comercializados – estratégia comum em grandes eventos globais -, Flor conta que a seleção passou pelo crivo da organização do SXSW. Antes de fechar os painéis com Natura, Embraer e Ambev, outras propostas foram descartadas. A executiva diz que, para empresas brasileiras, o festival também poderá ser uma ferramenta de visibilidade no mercado americano.
Dos projetos selecionados, o mais antigo – e com mais resultados a apresentar – é a Ekos, da Natura. Embora a linha de produtos tenha sido lançada em 2000, o desenvolvimento começou dois anos antes – ou seja, há duas décadas. Para fazer a extração sustentável de princípios ativos da Amazônia, a empresa teve de desenvolver um sistema de produção e remuneração das comunidades locais.
“Faremos questão de mostrar que se trata de um projeto que usa a floresta de forma sustentável, que faz parte de um negócio de escala global”, diz Andréa Alvares, vice-presidente de marketing da fabricante de cosméticos. A Natura, que teve receita de R$ 11 bilhões em 2016, comprou a britânica The Body Shop no ano passado.
Inovação comunitária. A Natura abrirá espaço, em seu painel, para a história de uma de suas consultoras, Maria Ivoneide Vale, da Ilha do Mosqueiro, em Belém. Ela começou a atuar como revendedora da marca em 1988, mas vai a Austin para falar de uma iniciativa própria: o Banco Tupinambá, criado em 2009 para atender à comunidade Baía do Sol, com 8 mil habitantes.
Com um patrimônio de R$ 15 mil, o banco mantém uma moeda social para conceder pequenos empréstimos aos moradores. Os valores giram de R$ 30 a R$ 100 e ajudam famílias em necessidades básicas. Como o valor é pago na moeda social – o moqueio -, o dinheiro só pode ser usado na Baía do Sol.
O resultado, segundo Maria Ivoneide, foi o aumento da renda circulando na comunidade. “Antes, 2% da renda era gasta em negócios locais. Hoje, o índice é de 94%.” Além dos recursos para o moqueio, o Banco Tupinambá também mantém convênio com a Caixa Econômica Federal para liberar crédito a empreendedores.
Também no âmbito social, a Ambev vai apresentar uma inovação que deu origem a projetos de acesso à água no semiárido brasileiro. Para garantir recursos, a gigante brasileira das bebidas criou um novo produto, a água mineral Ama. Lançado há um ano, o produto já angariou cerca de R$ 1,4 milhão para beneficiar quatro Estados até o fim deste ano: Ceará, Pernambuco, Bahia e Piauí.
Carros voadores. A Embraer vai mostrar no festival americano um projeto de tecnologia de ponta que ainda está em fase de desenvolvimento. A fabricante brasileira aceitou o desafio do Uber para desenvolver uma aeronave elétrica urbana capaz de fazer viagens curtas a preços acessíveis – um protótipo é esperado para 2020. O desafio de longo prazo é ambicioso: viabilizar viagens de 100 quilômetros – distância aproximada entre São Paulo e Campinas – por cerca de R$ 75. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Fernando Scheller
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