Variedades
‘Motorrad’ joga motos em paisagem infernal
Motorrad
(Brasil, 2017, 92 min.)Dir. de Vicente Amorim, com Guilherme Prates, Carla Salle, Emílio Dantas, Juliana Lohmann, Pablo Sanábio
Como todo diretor, Vicente Amorim vive o que se chama de TPL, tensão pré-lançamento de seu novo longa, Motorrad, que estreia nesta quinta, 1.º, em salas de todo o Brasil. Mas ele admite que sua posição está um pouco mais confortável. Desde que Motorrad foi selecionado para a mostra principal de Toronto, no ano passado, ocorreu o que ele nunca experimentara antes. “O filme foi vendido para mais de uma dezena de países e mercados importantes, como China, Japão. Sempre quis fazer um filme de gênero, mas não imaginava que poderia ter essa repercussão.”
Triplamente de gênero – um filme de estrada, de moto e de terror. Uau! A proposta partiu do produtor L.G. Tubaldini Jr, que convidou Danilo Beyruth, um raro desenhista brasileiro a trabalhar em comics dos EUA, para ajudar a formatar o conceito. Como diretor, Amorim, deu seu aporte. “Não sei trabalhar de outro jeito. Ou consigo colocar minha marca ou não entro no projeto. Como todos os meus filmes, Motorrad é uma história de iniciação e de afirmação da identidade.”
Pense em Caminho das Nuvens, Corações Valentes, no próprio Irmã Dulce. Um garoto sonha integrar a gangue de motoqueiros do irmão mais velho. Cai na estrada atrás do grupo. Surge esse muro misterioso, que, transposto, será como um portal para outra dimensão. A vasta paisagem – um paraíso? – revela seu lado infernal. Há outro grupo de motoqueiros. Misteriosos, sem face. Parecem aliens. Iniciam uma matança. Quem são esses caras? Não é mera coincidência que Guilherme Prates, Carla Salle e Emílio Dantas, o elenco de Amorim, monte nas motos seguindo o exemplo de Cauã Reymond em dois filmes sucessivos, Reza a Lenda e Não Devore Meu Coração. A própria paisagem, captada pela câmera de Fernando Habda, vira personagem. A fisicalidade leva ao erotismo. “Não podia haver vacilo. Homens e mulheres têm de ser desejáveis para o público. Só assim a ameaça do terror se torna verdadeira, e funciona”, avalia o diretor.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Luiz Carlos Merten
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