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Fundo inoportuno

Enquanto o Congresso Nacional discute a possibilidade de criação de um fundo de financiamento público de estratosféricos R$ 3,6 bilhões, o governo revisa déficit, mostra que não consegue organizar as contas, anuncia a retirada de beneficiários do Bolsa-Família e o corte de 10 reais no salário mínimo previsto. É o abismo financeiro mostrando-se cada dia mais profundo, enquanto o dinheiro que não existe para despesas essenciais ameaça chegar às campanhas políticas.
O financiamento público, da forma como está sendo discutido, mostra que está havendo inversão de prioridades, de valores e dos conceitos sobre o que é realmente importante para a sociedade. Não há justificativas aceitáveis para isso. Ainda mais quando todas as medidas econômicas anunciadas pelo governo punem pobres e se mostram totalmente ineficazes para resolver os problemas.
Sem rumo na área econômica e descumprindo as promessas feitas ao mercado, que ainda avaliza a permanência da equipe palaciana no poder, as decisões do Executivo na condução do país ficam menos respaldadas a cada dia. Ruim para o Brasil, muito pior para os brasileiros endividados e desempregados, que recebem a notícia de que de recursos que deveriam beneficiá-los podem passar a financiar as campanhas eleitorais.
Uma saída para esse cenário seria o retorno do financiamento privado, feito com regras claras, com limites de doações e segurança jurídica para todas as partes. Verdade que convivemos hoje com os problemas derivados desse tipo de financiamento. Mas é importante lembrar que países com índices de corrupção maiores do que o Brasil, como Paraguai, México, Peru e Colômbia, utilizam exatamente o sistema público de financiamento e vetam doações empresariais.
Não há exemplo algum no mundo que justifique a opção do Brasil por colocar tanto dinheiro público a serviço de campanhas políticas, ignorando o fato de que cidadãos possuem ideologias e devem escolher livremente se querem ou não contribuir. Impor aos brasileiros esse financiamento coercitivo significa aniquilar a possibilidade de aprovar uma reforma política que respeite e interprete o desejo da sociedade.
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