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Nilson virou saudade
De repente, brotou o último livro do inolvidável mano Nilson Fernando da Rocha intitulado – Ao Melhor Companheiro – dedicado ao nosso inesquecível genitor João Cícero Laurentino da Rocha que deixou marcas que a poeira do tempo não conseguirá apagar. No dizer de Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte” . Pois bem, Cicero Rocha morreu aos noventa e dois anos trabalhando sem cessar com o propósito de servir à sua família “ full time”.
A obra, por sua vez, foi copilada pelo querido mano Dr. Cícero Veiga da Rocha, radicado no vizinho Estado de Sergipe, onde serviu à Terra do doutor Heráclito Rollemberg, então prefeito da bucólica Aracaju. Foi impressa na EDISE – Serviços Gráficos de Sergipe – formato 15 x 21 cm, Tipografia Cambria 12, ( miolo) off-set 75 g/ metro quadrado, com tiragem de 3 000 livros , ( capa) cartão triplex 250g/metro quadrado.
Vivi minha infância/ adolescência na fazenda São Thiago, propriedade de nossa saudosa genitora – Maria Veiga Rocha – filha do legendário avô materno José Luís da Veiga Lima, capitão Cazuza, título outorgado pela então Guarda nacional, patriarca do clã dos Veiga de Paulo Jacinto, terra que nos viu nascer.
Nilson e eu somos artífices do mesmo destino, isto é, participamos das mesmas euforias, dos mesmos entretenimentos, no então Grupo Escolar “ Dois de Dezembro” bem como do Ginásio Antônio Farias, criado/idealizado pelo saudoso professor/economista Djalma Barros. À época, vivia a minha adolescência desenfreada. Dava muito trabalho às professores Maria Emília Barros ( IN MEMORIAM) e Francisca Correia, ambas me ensinaram o vernáculo herdado de Camões/ Bilac.
Antes de partir para outra dimensão, o autor resolveu prestar uma merecida homenagem ao velho Cícero Rocha, sertanejo de Lagoa Grande que, por sinal, migrou ao berço de Ernestino Veiga a fim de contrair núpcias ( 1933) coma a filha do abastado pecuarista capitão Cazuza – Naninha – carinhosamente, chamada pelos íntimos.
Dessa perfeita união, nasceram os rebentos, a saber; Tabita/ José Tadeu/Nilson ( IN MEMORIAM), economista-advogado Cícero Veiga, Laurentino Veiga, Professora Maria de Jesus Rocha Barros ( radicada na próspera Arapiraca), e, finalmente, a professora Tereza de Jesus Veiga Rocha que vive em Sergipe onde constituiu família e goza de sua merecida aposentadoria.
No dizer do autor, “ Tenho certeza que seus descendentes, conservarão este livro sempre aberto para que sua posteridade, lendo a sua biografia, sinta orgulho de descender de um avelho poeta honrado. Um sertanejo que, por ser descendente da terra dos Xucurus – Palmeira dos Índios – herdou o heroísmo destes nativos. Neste mesmo livro, veremos também, a coragem do nordestino, que deixando o sertão de Palmeira dos Índios, chega à Fazenda São Lourenço Viçosa/AL, e conquista o coração da mais formosa filha do capitão José Luís da Veiga Lima. Deste romance de João Cícero Laurentino da Rocha e Maria José Veiga de Lima, surgiu a união nupcial e a concepção de 11 filhos, dos quais apenas sete sobreviveram”.
Quando se fala de saudade, recorro os versos do vate Antônio Pereira: “ Quem quiser plantar saudade/ Escalde bem a semente/ Plante num lugar bem seco/ Onde o sol seja bem quente/Pois se plantar no molhado/Quando crescer mata gente./ Saudade é um parafuso que na rosca quando cai/Só entra se for torcendo/ Porque batendo não sai/E enferrujando dentro/ Nem distorcendo não sai./ Saudade é uma borboleta/ Que desconhece a idade/ Misteriosa a vontade/ Soltando pelos das asas/ Cegando a humanidade”.
Não sou poeta/ Não faço verso nem rima/ Sou apenas um mortal/ Cumprindo a própria sina. “ VITAE SUMMA BREVIS SPEM NOS VETAT INCHOARE LONGAM”. NO PORTUGUÊS TUPININQUIM: “ A pouca duração da vida nos impede longas esperanças.” Nilson virou saudade/ Pela vontade Divina/ Partiu sem dizer adeus/ Tá na eternidade!
O majestoso livro do mano é, por excelência, uma biografia daquele que soube ser pai, extremado esposo, companheiro nas horas aflitivas de seus filhos. Enfrentou as intempéries de seu tempo. Trabalhou incansavelmente para que não faltasse o pão de cada dia. Foi honesto, destemido, e, sobretudo, cumpridor da lei e da ordem pública. Nunca o vi doente na fazenda que fez o seu habitat.
Ao Melhor Companheiro, Nilson fez versos imorredouros que merecem ser revividos. “ Em 22 de maio de 1908, na cidade de Limoeiro de Anadia/ Nasceu João Cícero, gerado por Laurentino José/ Josefa Maria./ Após 100 anos,/ Agradecemos-lhe sua fiel afeição…/ Recordando o dia 22 de maio, comemoramos com alegria/ Irmanados no transcurso da centésima comemoração/Oferecemos-lhe os trinta e nove versos, desta poesia”. “ RESQUIESCAT IN PACE”. Descanse em paz Nilson Fernando da Rocha! Organização: Francis Lawrence.
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