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Corpo de Cristo e os Pães de Santo Antônio
À luz da Teologia do Culto dos Santos, disse o Papa João Paulo II que Santo Antônio de Pádua por ter sido um “homem enamorado de Cristo e do seu Evangelho”, exibe uma rica mensagem na interpretação do cristianismo. Basta observar sua imagem cultuada, envolvendo símbolos com os quais ele é representado, como o Menino Jesus no colo, sentado sobre o Livro dos Evangelhos, a Cruz e o Lírio. Mas, onde se enquadra a simbologia do “pão” distribuído por ele aos pobres de corpo e de espírito durante sua vida peregrina pregando o Evangelho de Cristo? Ora, o “pão” constitui um elemento inseparável na devoção a Santo Antônio, independente da sua origem. Esse quinto elemento ligado à vida desse missionário franciscano é tão nobre que até se chama “Pão de Santo Antônio”. Essa história sobre o “Pão de Santo Antônio” remonta a uma história curiosa que é assim narrada: “Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todo o pão do convento em que vivia.
O frade padeiro ficou em apuros, quando, na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os pães tinham sido roubados”. Atônito, o frade padeiro foi contar ao frade Antônio o fato ocorrido. Este mandou que ele verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. O Irmão Padeiro voltou estupefato e alegre: os cestos transbordavam de pão, tanto que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento”.
Até hoje na devoção popular o “pãozinho de Santo Antônio” é guardado pelos fiéis em sacos de farinha, com a fé de que, assim, nunca lhes faltará à comida, “o pão de cada dia”.
Mas, o vigário do Distrito de Canafístula de Frei Damião, zona rural de Palmeira dos Índios, Padre Aloísio Ferreira, adverte: “O Pão de Santo Antônio é para ser consumido, degustado pela boca, tal como ensinou Jesus aos seus discípulos na Última Ceia – “Isto é o meu corpo, que dado por vós, comei em memória de mim. Todas as vezes que comeres deste pão eu estarei convosco”. E acrescenta o sacerdote: “Este pão não deve ser guardado em um saco ou em uma panela com farinha”, isso é uma mera “simpatia” criada pela crença do pobre povo necessitado. Jesus Cristo é para ser consumido como o “sal” da terra e visto como a “luz” do mundo. Mais do que a lenda da origem do “Pão de Santo Antônio” é importante reconhecer toda a riqueza do seu simbolismo. Sem dúvida o “pão” distribuído por Antônio em vida, revela toda a riqueza da dimensão apostólica da vida deste Santo, que também é festejado como o “Padroeiro do Casamento”.
Por curiosidade, na igreja de Santa Luzia no Castelo, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, em um cantinho reservado no templo existe uma “estátua” de Santo Antônio com o “pão” em sua materialização. A imagem de Santo Antônio tem em seu braço esquerdo o Menino Jesus no colo, sentado sobre o livro dos Evangelhos, segurando um cesto repleto de pães, enquanto que com a sua mão direita oferece um pão a alguém. Diante desse fato concreto, vê-se que pela intercessão de Santo Antônio, Jesus Cristo continua ainda realizando o milagre da “multiplicação dos pães”, testemunhado e revelado por São João em seu Evangelho, quando o Mestre tendo compaixão da multidão faminta que lhe ouvia, decide multiplicar os pães para saciar-lhe a fome (João, 6: 1-13).
Aliás, é preciso perceber que Jesus Cristo em sua vida humana jamais agiu sozinho, sempre foi provocado por alguém que se encontrava mais próximo a ele e que observava seus passos e suas atitudes. Assim, aconteceu nas Bodas de Caná da Galiléia. Sua mãe, Maria, estava lá e vendo que faltava vinho no casamento, disse-lhe: “Eles não têm vinho” (João, 2:1-11). Em outro momento significativo, o Apóstolo Felipe, diante uma multidão faminta, disse a Jesus, “Senhor, não temos dinheiro para comprar comida” e André, irmão de Pedro, argumentou: “Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente”. Isso quer nos revelar que
Jesus Cristo sempre permitiu ter a colaboração de outras pessoas na realização dos seus milagres.
Santo Antônio foi o primeiro dos discípulos de Cristo a entender a sua mensagem, de que tanto a “fome” espiritual quando a “fome” corporal deve ser saciada. Para Santo Antônio o “pão” simboliza a vida, a fraternidade, a unidade.
O “pão” consagrado por Jesus Cristo na Última Ceia e distribuído a todos os apóstolos indistintamente (pois até Judas Iscariotes comeu desse pão), ainda é o alimento do corpo (matéria) e do espírito (luz). O “pão” simboliza tudo. Por isso, Jesus ensina aos seus discípulos a pedir ao Pai Eterno o PÃO NOSSO DE CADA DIA. Em outras palavras, que Deus nos conceda a graça de uma vida plena, para que possamos realizar a sua vontade, para que o seu Reino se instale e o seu nome seja glorificado para sempre… Pensemos nisso! Por hoje é só.
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