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O fim de um ídolo
Dirigir uma revista feminina, como “Sétimo Céu”, foi um dos meus prazeres jornalísticos. Quando cheguei, em 1958, estava com 6 mil exemplares de venda. Mudando o formato e colocando fotonovelas brasileiras a revista deu um enorme salto e logo estava vendendo 150 mil exemplares. Até os patões ficaram assustados com tamanho sucesso.
Foi nessa onda de êxito que se encaixou o então membro da jovem guarda, o cantor Jerry Adriani. Frequentador da redação, então na rua Frei Caneca 511, foi por mim convidado para ser galã de fotonovela.
O seu tipo se encaixava muito bem na ideia – e tudo deu certo. Foi um modelo de sucesso, ao lado de outro astro igualmente aproveitado: Cauby Peixoto. Eis que fomos surpreendidos com a morte prematura de Jerry Adriani. Um câncer no pâncreas acabou com a sua vida, aos 70 anos, quando ainda era muito cortejado por suas milhares de fãs. Perdi também um amigo.
Descendente de italianos, Jerry cantava muito bem na língua de Pepino Di Capri e arriscava também imitar Elvis Presley, inclusive com as suas vastas costeletas. Chegou a lançar um disco em 1990 com o título “Elvis vive”, mas o seu destino era mesmo prestigiar a música brasileira, o que fez também nas suas pequenas incursões ao cinema nacional, a convite de Jece Valadão.
Foi parceiro de Raul Seixas. Convenceu a gravadora CBS a empregar Raul como produtor, o que aconteceu entre 1969 e 1971, antes de iniciar sua própria e vitoriosa carreira, o que não impediu de gravar diversas músicas de Raul, como “Tarde Demais”, e “Doce Doce Amor, esta um imenso sucesso, com mais de 200 mil cópias vendidas.
Registre-se que o simpático Jerry foi um dos ídolos da Jovem Guarda, ao lado de outros cantores consagrados como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléia e Wanderley Cardoso. Faziam sucesso na televisão, especialmente na TV Record de São Paulo, onde se criou um movimento musical dedicado especialmente aos jovens, com resultados bastante apreciáveis.
O primeiro LP de Jerry Adriani foi lançado em 1964 com o título de “Italianíssimo”. No ano seguinte, veio o primeiro disco com músicas em português: “Um Grande Amor”. Em 1966, seguiu-se outro LP então dedicado ao pop italiano: “Credi a Me”. O talento do jovem cantor sempre foi muito versátil e sempre bem sucedido.
Posso testemunhar que o público adorava as apresentações de Jerry Adriani. A meu pedido, apresentou-se de uma feita no Teresópolis Country Clube, sem nada cobrar, para valorizar as atividades sociais e culturais daquela instituição. Como sempre, foi um êxito comentado por meses seguidos.
Agora, sem ligar para a doença que minava o seu organismo, preparou a sua autobiografia e um novo disco com canções de Raul Seixas (parceiro de Paulo Coelho). Chegou a entregar a autobiografia ao escritor e pesquisador Marcelo Froes, um grande amigo. Toda a sua trajetória ali figura e deve ser publicada ainda em 2017. Infelizmente, não viveu para vibrar com esse lançamento, como merecia.
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