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A lenda de Frei Pacômio
Há uma interessante lenda a respeito de certo religioso, conhecido por Frei Pacômio. Este religioso não podia compreender como os bem-aventurados não se cansavam de contemplar, durante toda a eternidade, as belezas celestes.
Certo dia o Padre Superior mandou Frei Pacômio a um lugar próximo a fim de levar para o convento um pouco de lenha. Eis que o religioso ouviu o canto de uma ave. Esta, por seu turno, pulava de galho em galho e tudo isso fascinava mais e mais o piedoso religioso.
Eis que, em determinado momento, após suave gorjeio, a ave deu um pequeno vôo e Frei Pacômio acompanhou-a. Após isso, o monge como que acordou para sua missão que era ir buscar lenha.
Foi à procura do machado que estava totalmente enferrujado e o feixe de lenha, que já havia preparado, tinha desaparecido. Será que, enquanto eu contemplava o pássaro, alguém teria roubado? Outra novidade: O mato que era abundante naquela região estava desaparecido. Agora existia uma plantação de trigo. Vários homens desconhecidos trabalhavam naquele campo.
O piedoso monge ficou totalmente desorientado. Não acertava o caminho de volta. Perguntou a um dos trabalhadores onde ficava o caminho para o convento. Olharam para ele com ar de espanto e disseram por onde ele devia se encaminhar.
Até que enfim chegou, mas ficou completamente perplexo. O convento não era mais aquele. No lugar de uma casa simples, estava uma magnífica construção. Bateu à porta de uma esplêndida capela e um frade desconhecido abriu a porta do majestoso templo sagrado.
Frei Pacômio pergunta: Tu és recém-chegado? E prossegue: Venho do bosque onde, sob as ordens do meu Superior, fui buscar lenha. O meu superior, como se sabe, é Frei Anselmo.
Sem entender nada ou quase nada, o porteiro deixa, no mesmo lugar, o recém-chegado e vai no encalço do Prior e diz a este que estava na portaria um homem com hábito bastante velho, com barba e cabelos brancos como a neve, à procura do prior chamado Anselmo.
Tratava-se de um caso verdadeiramente curioso e praticamente enigmático.
O superior do convento foi examinar nos livros de anotação do convento e, por incrível que pareça, encontrou, entre os nomes dos priores do convento, o nome de um Frei Anselmo, que por lá passara, já havia quatrocentos anos.
Dentre outros apontamentos estava escrito: “Esta manhã, Frei Pacômio foi mandado buscar lenha no bosque e desapareceu”. O venerando recém-chegado foi chamado a contar o seu caso e as dúvidas que tinha sobre a felicidade eterna do paraíso.
Assim conclui P. Francisco Alves: “Deus quis mostrar ao pio religioso que, se o canto da avezinha era capaz de encantar-lhe a alma por séculos inteiros, quanto mais a formosura de Deus não há de embevecer os bem-aventurados por toda a eternidade sem que eles jamais se cansem”.
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