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Dos becos da Rocinha aos bancos suíços.
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Os massacres ocorridos nos presídios do Amazonas e de Roraima (quase 100 mortos), nos primeiros dias de 2017, possibilitaram à grade mídia (clepto-conivente com a roubalheira do sistema político-partidário-empresarial corrupto) manipular as cabeças dos brasileiros, por meio da desinformação, fazendo-os crer que crime organizado e bandidos somente existem dentro nas facções em guerra em todo país.
Esse tipo de manipulação é um despropósito. Há crime organizado e bandidos tanto nas facções privadas como no sistema político-partidário-empresarial corrompido até à medula em virtude do conúbio promíscuo entre a economia e a política.
Não há bandidos exclusivamente nos presídios, senão também nos palácios, nos ministérios, nos gabinetes e diretorias da administração pública assim como nas direções de empresas privadas e de bancos.
Somente da “máquina de propinas” (ver Financial Times) chamada Odebrecht saíram 77 executivos que não só confessaram seus delitos como também delataram centenas de políticos e dezenas de partidos beneficiários das suas generosas “doações” eleitorais, ora declaradas “oficialmente”, ora depositadas na Suíça, em contas de caixa dois (como é o caso, por exemplo, da doação de R$ 23 milhões para José Serra e seu operador financeiro, Ronaldo Cesar Coelho).
O crime organizado e a bandidagem são transversais e universais: vão dos becos da Rocinha (invadida recentemente pelo PCC) até os bancos do paraíso fiscal chamado Suíça (onde muita propina é depositada em contas de brasileiros).
Vejamos:
Um bandido assalta você numa rua. Vamos supor que ele tenha sido preso. Nesse caso ele vai para a cadeia que é operacionalmente comandada por outro bandido (do PCC, por exemplo). O diretor do presídio, assim como alguns agentes de segurança (não todos, evidentemente), muitas vezes, também são bandidos que facilitam tudo (armas, drogas, celulares).
Que temos até aqui? Um bandido preso é comandado por outro bandido em cumplicidade, às vezes, com a direção e agentes bandidos.
Vamos aprofundar um pouco mais essa ideia. Da licitação dessa cadeia assim como da licitação dos seus consumos diários, participam frequentemente empresas bandidas. Quem faz o pagamento da obra ou dos serviços públicos, de outro lado, também pode ser um bandido.
Em alguns lugares há um bandido que explora a cadeia, que é comandada por outros bandidos. Com certa frequência das licitações ou da exploração das cadeias sai um conluio de ajuda financeira para a campanha eleitoral de algum político. Quando o político recebe ajuda financeira de origem ilícita ele também se transforma num bandido.
Quando esse político recebe “doação” eleitoral em forma de caixa dois em bancos suíços ele ratifica sua condição de bandido.
Os presídios assim como as licitações públicas (incluindo as licitações para os presídios), que deveriam estar sob o estrito controle do Estado, transformaram-se dessa forma em feudos de bandidos. Os massacres nos presídios assim como a Lava Jato estão comprovando isso exaustivamente.
As autoridades carcerárias e administrativas, que deveriam manter a ordem, a disciplina e a probidade, se acham subordinadas aos bandidos (violentos ou engravatados) que tomaram conta do país. O rolo compressor do crime organizado passa por cima delas e muitas vezes as leva consigo.
Como se vê, a complexíssima questão penitenciária brasileira retrata uma cadeia interminável de bandidos.
Os órgãos de controle do Estado (polícia, MP, juízes, auditores etc.) esboçam reações (a Lava Jato é um exemplo). Mas ainda estão longe de retomarem o domínio do Estado (seja nos presídios, seja nas licitações públicas). As autoridades obedecem e a bandidagem sangrenta ou de colarinho branco manda e desmanda (conforme sua conveniência).
Mais Lava Jatos, dentro da lei, é o princípio da faxina geral no país. A Lava Jato vai retirar das próximas eleições uma parte da bandidagem. A outra deve ser expurgada pelos eleitores. Somente com lideranças competentes e honestas voltará a esperança do brasileiro num futuro melhor.
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