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Reflexão do tempo

12/11/2016
Reflexão do tempo

Aproximando-se do Natal, urge fazer reflexão do tempo como o fez o Dr. Ivan Bezerra de Barros, fundador da Tribuna do Sertão no seu novel livro intitulado “ Os Tempos Idos e Vividos” – Memória e História – de um escritor com relevantes serviços prestados à literatura nacional. E, portanto, torna-se imperativo contemplar o Índice da obra em epígrafe, isto é, enumerar as temáticas exploradas pela sua privilegiada inteligência de homem público probo.

Os Tempos Idos e Vividos, Tempos de Rádio, Tempo de Política, A Saga de Maysa Matarazzo, Zuzu Angel – Em busca do filho morto pela ditadura miliar, Tempo de Faculdade ( fez Direito no Rio de Janeiro), A Volta para Alagoas (onde se tornou promotor de justiça emérito), A campanha de Prefeito em 92), Encontro com a Morte), Ida a Lisieux: Terra de Santa Terezinha ( devoto convicto), Íntimos de Fé, Álbum de Família, Na imitação de Terezinha, está a salvação da Humanidade, Os Últimos Dias, A Canonização, Novenas das Rosas – Origem da novena -, Apaixonei-me por ela, Cronologia, A Urna Sagrada, Santa Terezinha do Menino Jesus, Na Academia Francesa de Letras, Visão da Europa que conheci, História da Opera Garnier, Roma, a cidade eterna, Academia de Ciências Sociais, Artes de Portugal.

Tudo isso, documentado in loco nas suas andanças ao Velho Mundo. Inclusive, com fotos registrando sua visita aos lugares sagrados que cheiram a santidade. Torna-se, portanto, andarilho que não ficou ligado à sua fé. Muito pelo contrário, deslocou-se a fim de confirmar seu crédito de cristão ligado à Santa Terezinha do Menino Jesus.

No auge dos seus 73 anos bem vividos, faz reflexão de seu tempo vivido quer na terra dos Xucurus, quer na Cidade Maravilhosa onde se destacou como então repórter da extinta Manchete. Lá, conviveu com a nata intelectual e, principalmente, com jornalistas que fizeram a comunicação nacional sem erros nem rasuras.

Parafraseando Santo Agostinho: “Ne dicas, priora tempora meliora fuere, quam nunc sunt;virtutes faciunt diés bonos, vitia malos”: “Não digas que o tempo passado era melhor que o de hoje; são as virtudes que fazem bons os dias e os vícios os tornam maus”. Contudo, A.B. Acotte adverte: “O tempo é nossos melhor amigo: é ele melhor que ninguém que nos ensina a sabedoria do silêncio”.

Por outro lado,o frei Zeca sentencia: “O tempo é a expressão da pressa. Saiu de algum lugar no passado e nunca mais parou. Hoje, passa pela estrada do presente e segue adiante para a estação do futuro. Não envelhece, não se cansa, não se atrasa, não espera por ninguém. Atrás de si, ficam as faces da vida, os anos e as marcas da história. Paz e guerra. Progresso e decadência. Infância e adolescência. Puberdade e juventude. Maturidade e decrepitude. O futuro chega e se faz presente. O presente envelhece e se torna passado. E o Tempo prossegue seguro com destino certo para outro futuro”.

É, meu Caro Ivan, fazemos parte dos setentões, isto é, àqueles que já fizeram de seu tempo guardião da história. E, por extensão, escrevemos a história como protagonistas principais dos acontecimentos vividos e dos que hão de vir. Os erros e omissões ocorridos ficaram na linha do tempo. Agora, é tocar o barco à procura de novas emoções como diz o Rei Roberto Campos.

“Lembrar esses tempos idos e vividos é recordar a sede da Manchete, quando subia o elevador com JK, Magalhães Jr., Arnaldo Niskier, Heitor Cony, Heloneida Stuart, Justino Martins, Ney Biachi, Murilo Melo Filho. Adolfo Bloch, Joel Silveira. Era redação maravilhosa, no oitavo andar, de onde se descortinava a beleza da Praia do Flamengo. É lembrar a faculdade, os professores, os colegas. A Manchete foi tudo para mim, fazendo um jornalismo moderno e eu trabalhava com teletipos, enfim uma universidade de jornalismo, informações e cultura”.

O tempo não espera por ninguém. Atravessa séculos narrando os episódios históricos e, ao mesmo, escrevendo o destino de cada um dos viventes. É a certeza de que um dia será definitivo para todos. Ninguém vira semente. Muito pelo contrário, somos o produto da sociedade na qual estamos inseridos. Não adiante fazer projeto permanente.

O seu livro Ivan Barros, chega numa hora onde o mundo globalizado encurta distância, a comunicação via internet percorre os continentes em busca de uma notícia on line. Torna-se imperativa para escrever a história contemporânea. Depois, tudo acontece ao mesmo tempo, ou seja, guerra e paz, queda da esquerda e elevação da direita nos Estudos Unidos da América do Norte. No Brasil, felizmente, os petistas caíram dando espaço a Michel Temer. Resta tão-somente aproveitar o tempo que nos resta. Afinal, os “Tempos Idos e Vividos” valeram a pena.