Geral
Brasil ganha mais dois Patrimônios Culturais
19/09/2016
Uma das festas mais antigas e tradicionais do estado de Goiás, a Romaria de Carros de Bois da Festa do Divino Pai Eterno de Trindade, ganhou o registro de Patrimônio Imaterial do Brasil, e a Casa da Flor, localizada em São Pedro D’Aldeia, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, foi tombada como Patrimônio Material Cultural. Os anúncios ocorreram durante a 83° Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nesta quinta-feira (15), em Brasília.
O ministro da Cultura, Marcelo Calero, acompanhou a primeira parte da reunião, na qual foi aprovado o registro da Romaria de Carro de Boi. “O Estado reconhece o bem como algo que pertence não apenas às comunidades locais, mas ao patrimônio imaterial e cultural brasileiro. Esses patrimônios são o grande arcabouço sobre os quais se solidifica a nossa identidade brasileira”, afirmou.
A devoção ao Divino Pai Eterno, em Trindade, começou por volta de 1840, quando um casal encontrou um medalhão entalhado com a imagem do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Desde então, muitas pessoas peregrinam até a região. Os carros de boi eram, antigamente, o principal meio de transporte para as famílias das zonas rurais. Mais tarde, permaneceram como tradição cultural.
O parecer favorável ao registro da romaria, votado por unanimidade pelo Conselho, foi comemorado e aplaudido pelo público presente. Entre eles, estava João Fortunato Machado da Associação dos Carreiros do estado de Goiás. “O reconhecimento é importante para nós, os carreiros estão em festa, é uma alegria muito grande”, disse.
Valorização da diversidade
A presidente do Iphan, Kátia Bogéa, explicou ainda que a política de patrimônio imaterial traz a obrigação da salvaguarda e leva em consideração a diversidade do patrimônio brasileiro. “O olhar do Iphan é de valorizar essa diversidade. O homem do campo foi importante para a formação da identidade cultural do país, é uma tradição do povo brasileiro”, contou.
A solicitação do registro foi apresentada em julho de 2012 pela Federação Goiana de Carreiros (Fegocar), Associação de Carreiros e pela Paróquia do Divino Pai Eterno. O registro da romaria foi considerado relevante por levar em conta a vivência coletiva da religiosidade e da identidade regional dos romeiros carreiros, que extrapola Goiás e ressoa no resto do país.
O Conselho também confirmou o tombamento da Casa da Flor como Patrimônio Cultural. Em 1912, Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985), um trabalhador nas salinas, de São Pedro D’Aldeia, na Região dos Lagos (RJ), abusando da criatividade decidiu construir sua própria casa. Por causa de um sonho, ele decidiu embelezar sua residência com mosaicos, esculturas e enfeites diversos coletados no lixo a partir de objetos quebrados. Segundo ele, eram “coisinhas de nada”. Foi assim que nasceu a Casa da Flor.
De acordo com o parecer do Iphan, entre as justificativas para o tombamento da Casa da Flor está o ineditismo criativo, que instiga o debate sobre os processos de produção cultural. O documento destaca que a Casa da Flor condensa esse esforço de ordenar a desordem, a fragmentação e as oposições, de acordo com um conhecimento do valor das coisas e não da sua utilidade meramente funcional.
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