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Cortana brasileira tem calor humano e é menos formal que japonesa
O lançamento da versão brasileira da Cortana, a assistente pessoal de voz da Microsoft, é mais uma etapa na expansão dessas tecnologias que te acompanham onde você estiver e trabalham como uma secretária, dando informações sobre clima, trânsito e até a data do próximo jogo do seu time do coração.
E justamente por serem quase um funcionário de confiança, esses serviços precisam conhecer muito bem quem são os seus chefes.
“A Cortana tem que entender a cultura do país e ser capaz de criar uma paixão e uma conexão com ela”, diz Jonathan Foster, coordenador editorial da Cortana no mundo todo, em entrevista exclusiva ao G1. “Não queremos passar a experiência dos Estados Unidos para todos os outros lugares do mundo”.
Foster conta que o primeiro passo de localização é ter um redator capaz de reproduzir os aspectos culturais de um país na personalidade e nas respostas dadas por Cortana.
Isso porque o trabalho de uma assistente pessoal de voz como ela, ou Siri (Apple) e Google Now (Google), não é apenas reconhecer e executar ordens. Elas estão prontas sim para criar alarmes ou guiar o usuário para uma reunião do outro lado da cidade, mas precisam reagir a bate-papos inofensivos também. “Cortana, onde você estava no 7 a 1?” é uma pergunta válida a qualquer um, afinal de contas.
Segundo Renan Liahy, editor de Cortana para Brasil e México, a versão nacional foi lançada no início de agosto com mais de 1,2 mil respostas, contra 200 da Alemanha (toma essa, Khedira).
O segundo passo é escolher uma voz que faça sentido para o mercado em que a tecnologia está chegando. Liahy diz que a Microsoft não se inspirou em uma pessoa ou sequer uma região do país para dar vida à Cortana brasileira. Aideia era que ela fosse “profissional, mas com uma proximidade afetuosa com a pessoa que está se relacionando”.
“A Cortana trabalha para você, mas não existe essa distância hierárquica. Ela é como um bom colega de trabalho, uma pessoa com quem você tem uma conversa mais íntima. Então precisava ser alguém que pudesse ter esse calor humano brasileiro”, conta Liahy. “A Cortana brasileira é muito menos formal que a japonesa. O humor dela é muito mais leve que a alemã, que é mais frio. A gente tenta trazer essa tonalidade para cada resposta que criamos”.
Cortana na realidade virtual
Se você não sabe, o nome Cortana vem de um personagem dos games “Halo”. Ela é uma inteligência artificial que acompanha o herói Master Chief em suas missões e aparece na forma de uma mulher de cabelos curtos. Mas será que um dia também veremos a Cortana de celular ou de Windows 10 em forma física, na realidade aumentada ou na virtual?
“Estamos discutindo como fazer isso. Escolhemos por enquanto um avatar abstrato, um círculo que pulsa quando ela fala. E vamos explorar como isso irá se desenvolver”, diz Foster.
O executivo cita o fenômeno do vale da estranheza (ou “uncanny valley”) para defender o distanciamento atual da forma humana de Cortana. O termo “uncanny valley” descreve a sensação de rejeição que o homem muitas vezes sente em relação a representações robóticas que são muito parecidas, mas não idênticas, a humanos.
“Existe um time inteiro de design dedicado a isso. E existe uma vantagem em buscar a abstração, pois podemos deixar a imaginação das pessoas no comando”, comenta. “Não estou dizendo que estamos fazendo isso, mas é o caminho que eu vejo a partir do meu dia-a-dia”.
“Isso irá acontecer, amadurecer. Acredito que a resposta do consumidor a esse fenômeno de assistentes digitais em que nós estamos trabalhando, e outras corporações também, irá apontar a direção”.
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