Geral
Com ‘preguiça’ do trânsito do RJ, Túlio ia treinar de helicóptero
Poucos jogadores no Brasil tinham a irreverência de Túlio Maravilha. Oitavo maior artilheiro da história do Botafogo, com 159 gols em 223 jogos, o ex-atacante fazia a alegria da torcida alvinegra dentro de campo e a de seus companheiros fora dele
Presente no amistoso deste sábado, um dos herois do inesquecível título brasileiro botafoguense sobre o Santos, em 1995, ele costumava deixar o ambiente mais leve.
Para ir aos treinos do Botafogo, Túlio tinha “preguiça” de passar por todo o caótico congestionamento do Rio de Janeiro e achou um jeito, no mínimo, inusitado para chegar CT do “Glorioso”. É o que conta Paulo Zagallo.
“Tinha muito trânsito na Barra da Tijuca, onde morávamos, até chegar a Niterói, em Caio Martins. Ele me ligava e falava assim: ‘Paulo, hoje eu vou de helicóptero porque tá o maior temporal. Ô meu diretor, você quer ir comigo hoje?’. Eu respondia: ‘negativo, ainda mais com chuva. Prefiro sair duas horas mais cedo (risos)’, diz o filho do mítico Mário Jorge Lobo Zagallo e então diretor de futebol do time, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.
© Marcelo Santos/AGIF Tulio Maravilha gesticula durante a partida do Botafogo sub-23 contra o Boavista
“Daí, os jogadores chegavam mais cedo, até porque tinha esse problema, e ficavam conversando, na resenha, no Caio Martins. Dali a pouco ele descia do helicóptero, no meio do gramado. Todo mundo fazia uma roda e aplaudia a hora que ele chegava (risos). Isso aconteceu mais de uma vez (risos)”, gargalha. “A gente falava: ‘Túlio, guarda dinheiro, isso custa caro. Quer ir toda hora treinar assim?’ (risos)”, completa.
“Ele era demais, aprontava muito e falava besteira, sacaneava todo mundo, era um fanfarrão e fazia pegadinha com a galera”, lembra Paulo Zagallo, que busca virar técnico de futebol na cidade de São Paulo após passar por Madureira-RJ, América-RJ e seleção brasileira nas categorias de base, além pelo profissional de Brusque-SC, Luziânia-GO, Guarany-CE e Aquidauanense-MS.
A qualidade do ex-centroavante faz o filho do “Velho Lobo” lembrar a de outro artilheiro ídolo em clubes do Rio de Janeiro.
“O Túlio era muito irreverente, tinha cheiro de gol, nunca vi igual. Batia bem na bola e era difícil perder algum gol dentro da área, que nem o Romário”, analisa.
© Gazeta Press Tulio Maravilha ficou perto do gol 1000
Histórias da conquista
Após terminar na quinta colocação da chave A na primeira etapa, ficar em primeiro no mesmo grupo da segunda etapa e passar pelo Cruzeiro na semifinal com dois empates, o Botafogo chegou à tão sonhada final do Campeonato Brasileiro de 1995 contra o Santos, de Camanducaia, Giovanni, Narciso e Marcelo Passos.
Uma vitória por 2 a 1 no Maracanã deixou os cariocas muito próximos do título, que foi confirmado após um 1 a 1 polêmico em São Paulo. Meses antes de levantar o troféu, Paulo Zagallo confiou no trabalho de Paulo Autuori, técnico até então desconhecido em solo nacional – passara por Portuguesa, América-RJ, São Bento, Marília e Bonsucesso.
“Muita gente questionava o Paulo, aí quando fomos campeões, dissemos: ‘tá aí o cara que ninguém conhecia e não tinha bagagem para assumir o time (risos)’, recorda.
© Gazeta Press Túlio Maravilha Comemora Título Botafogo Brasileiro 1995
“O time não era de estrelas, não tinha grande qualidade técnica, mas era um grupo muito comprometido e aplicado taticamente. Você via o dedo do Paulo Autuori. Dizem que treinador não ganha jogo, mas eu acho que ganha e perde jogo, sim”, completa.
Para ser campeão, o Botafogo teve até que superar uma série de problemas financeiros graves.
“Nosso grupo não era de balada, era tranquilo de administrar. O complicado é que ganhamos aquele titulo contra tudo , o clube vivia problemas financeiramente e eu cheguei a colocar dinheiro do meu bolso para ajudar na cobertura do vestiário, onde os jogadores ficavam antes do café no Caio Martins. Era um grupo muito unido mesmo”, finalizou.
Mais lidas
-
1EXEMPLO A SER SEGUIDO
Enquanto regiões do Nordeste trocam asfalto por concreto para reduzir calor, municípios de Alagoas vão na contramão com cidades mais quentes
-
2BRICS
Caminho sem volta: BRICS impulsionou desdolarização do mercado mundial, opina analista
-
3VERGONHA EM PALMEIRA
Crise no Futebol: Prefeitura intensifica represálias contra CSE e “administrador de estádio” sem portaria de nomeação proíbe treinos noturnos
-
4GAME OVER 2
PC cumpre mandados contra influenciadores em Arapiraca e Penedo e apreende veículos
-
5O VICE
Vice-prefeito Henrique Alves Pinto (PP) assume a prefeitura da Barra de São Miguel