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A seca, porém, continua…

24/03/2016
A seca, porém, continua…

Àqueles que não convivem no sertão,desconhece talvez, a situação caótica e de sacrifício por que passam os sertanejos. Basta que se veja que as ultimas chuvas caídas na região não foram suficientes para atenuar sequer a onda avassaladora de calor que campeia às soltas em toda região. Alguns noticiosos chegaram a registrar que as trovoadas afugentaram a seca, mas tudo foi ledo engano, anunciou-se até que o plano do governo federal iria suspender uma parcela dos carros pipas, que fornecem água para os sertanejos, mormente onde existe mais escassez de água. Não sei se houve essa retração, sei, contudo, que a seca continua instalada de cama e mesa na casa do sertanejo, sem hora nem prazo para sair. As chuvas foram regionais, e essas mesmo, constituíram-se insuficientes para abastecerem os açudes até mesmo os de pequenos portes.

A história da seca do sertão, está ligada a vida do próprio homem, pois o sertanejo conhece sua própria história, haja vista sua convivência aliada as grandes secas que tem pontificado no nordeste. O pensador Robert Anson (1907-1988), escreveu: “uma geração que ignora a história não tem passado e nem presente”. Tenho focado esse tema de secas neste noticioso várias e repetida vezes, visto sentir de perto o drama dessa gente tão sofrida e castigada pela inclemência desses fenômenos cíclicos.

Registra-se nos meandros da história que o Imperador Dom Pedro já se preocupava com esses fenômenos, as secas, a ponto de dizer que venderia até as pedras de sua coroa para atenuar a seca no nordeste, e nada fez. O escritor José Américo de Almeida, em seu tempo, de tanto ver crianças morrerem de inanição, provocadas pelos descalabros das secas que tem assinalado o nordeste, chegou a escrever que todos os anos o nordeste enviava ao céu uma leva de anjos. Tudo isto e muito mais, deve-se a inoperância dos governos, e estas verdades, concretizam-se quando se ver nos noticiários a quantidade de verbas desviadas locupletadas por quem de fato deveria empregar o dinheiro corretamente, certamente o nordeste teria outra face, com mais condições de trabalho para o povo, escola de qualidade com professores bem remunerados, saúde de primeira linha, enfim uma vida digna para todos. Aristóteles (384- a. C 322), escreveu: “só pode ser feliz um país edificado sobre a honestidade).

A seca crassa o sertão a passos largos, uma indústria sequer de porte médio não existe, somente em Delmiro Gouveia, e o restante do estado? Fica a ver navios, gerando desempregados, marginais, enchendo as penitenciárias, só a do Agreste no município de Craíbas, possui aproximadamente mil detentos. Se houvessem indústrias, empresas no sertão dando trabalho ao povo, com certeza, essa delinquência tinha outra face, porque o cidadão ocupado, não tem tanto tempo de planejas ideias malévolas, sabe-se que a prisão, a detenção gera aversão à sociedade, embora seja necessária a correção, mas a oportunidade de trabalho muda a ideia do cidadão, prisão não gera correção fomenta o ódio, e este por sua vez denigre a sociedade.