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Algo sobre o vernáculo
O professor Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante, através da Editora Scipione, publicaram a Gramática da Língua Portuguesa. Em programas de rádio e na revista VEJA, Pasquale pede que se tenha atenção ao que se diz para evitar certos erros que aparecem frequentemente.
Dizem ainda os autores da mencionada Gramática: “A chamada língua viva continua a ser a principal referência para o estudo dos variados tópicos gramaticais”.
Eis agora algumas correções do professor Pasquale: Se você fala: Gostaria de fazer uma colocação sobre este assunto. Fica melhor assim: Gostaria de fazer uma observação.
João será nosso elo de ligação com os nossos clientes. Conforme o mencionado professor, é melhor dizer: João será nosso elo com os nossos clientes, uma vez que elo só pode ser de ligação. Pede ainda o gramático que se deve fugir do “a nível de”. E indica a correção. Se você fala assim: É um problema que deve ser resolvido a nível de família, fica bem melhor assim: É um problema que deve ser resolvido em família.
Faz, porém, o professor uma observação: “Não se está falando de um desastre gramatical. Os erros crassos são, em geral, corrigidos por um amigo mais sincero.”
Por fim, convém ter em vista “que a língua falada é viva e está em continua mutação. O que é tido como erro hoje pode virar um recurso de linguagem amanhã”.
Feitas essas observações do professor Pasquale, convém considerar o chamado regionalismo, ou seja locução peculiar a uma, ou a regiões. E, por vezes, em outros lugares, onde não se conhecem tais expressões, há sonoras gargalhadas, quando se ouve a palavra ou a frase estranha.
Tempos atrás, isso era mais comum. Hoje, como as comunicações são mais fáceis, a admiração é menor. Contudo, ainda vigora certa estranheza. Certo nordestino, estudando no Rio Grande do Sul, chegou a dizer que no Nordeste a abóbora também tinha o nome de jerimum. Houve forte a gargalhada dos colegas. Na verdade, acharam ridícula a palavra.
Não se pode negar: O que se ignora não significa que é errado ou ridículo. Antenor Nascentes escreveu um livro: “Tesouro da Fraseologia Brasileira”, mostrando que o negro e o índio muito contribuíram para a fraseologia brasileira.
Um cidadão contou-me que, numa escola em São Paulo, ele disse uma palavra que provocou riso nos colegas. Como lá havia o Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, mencionado cidadão abriu o dicionário, leu a palavra com a devida explicação e disse: Este dicionário foi escrito por um alagoano. Vocês, por ignorância, não a conheciam. Os nordestinos conhecem mais a linguagem dos paulistas, enquanto vocês ignoram muito o linguajar nordestino.
À guisa de exemplo, vamos citar o que se segue: Andar na lapa do mundo (Ceará) que dizer: Estar percorrendo longes terás. Bater o pacau (Sul) significa morrer. Ignorar tais expressões e outras é natural. Mas não é motivo de zombaria.
Diz Simon França: “Num mundo com emprego raro, o candidato que comete erros graves de português pode até perder a vaga”. Consequentemente para falar corretamente o que se deve fazer é sempre estudar e ler muito, como afirma o citado professor Paquale.
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