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Educação sem dinheiro?
Os que pensam que não há interesse na discussão sobre o futuro da educação brasileira estão redondamente enganados. Em Brasília, sob a liderança de Luís Gonzaga Bertelli, presidente do CIEE Nacional, mais de 500 pessoas estiveram no Hotel Windsor Plaza para ouvir especialistas na matéria, todos muito aplaudidos.
Dos meios oficiais, o Ministro Manoel Dias, do Trabalho, esteve presente. Falou em qualificação profissional e abordou as perspectivas do Programa Jovem Aprendiz, que caminha muito bem. Em termos nacionais, há perto de 100 mil inscritos nesse projeto que representa o acesso ao primeiro emprego.
O Centro de Integração Empresa-Escola, representado praticamente em todo o território brasileiro, realiza há cerca de 50 anos um esforço notável, reconhecido pelo governo federal na concessão dos Certificados de Assistência Social (Cebas), que conferem credibilidade a esse empenho. É uma conquista que o setor comemora com muito júbilo.
Ao falar no evento, analisamos o atual estágio que caracteriza a nossa educação. Não foi possível desconhecer a confusão em que se encontra o ensino médio, de modo geral, vitimado por uma série de portarias e regulamentos do MEC. Foi também a opinião expressa pelo educador Paulo Nathanael Pereira de Souza, ex-presidente do Conselho Federal de Educação. Os alunos desse nível hoje sofrem com a existência de 13 matérias (fora as transversais) e isso evidentemente é um exagero.
O MEC ainda não tomou uma atitude reparadora. Promete muito, mas fica na saudade. Aliás, foi vitimado no começo do segundo governo Dilma pelo corte de 9,4 bilhões de reais, em virtude do ajuste fiscal. Sem recursos financeiros, os seus inúmeros projetos foram prejudicados. Enquanto nada de substancial ocorre, há quem se divirta com as sugestões da Secretaria Nacional de Assuntos Estratégicos, propondo uma contrafacção à estrutura do Ministério da Educação. Assim, a possibilidade de cumprir as 20 metas do Plano Nacional de Educação é bastante diminuta. Há muita confusão na praça e falta dinheiro.
No Seminário realizado em Brasília, o Secretário de Educação do Distrito Federal, professor Júlio Gregório, defendeu a tese de que as escolas devem ter mais liberdade para trabalhar os seus próprios projetos pedagógicos. Isso permitiria que elas tivessem relações mais produtivas com instituições como o CIEE. Condenou com veemência o engessamento do currículo.
Já o Reitor Ivan Camargo, da Universidade de Brasília, defendeu maior autonomia para a tomada de decisões e confessou que a universidade pública padece de problemas de governança, financiamento e autonomia.
Na conclusão dos trabalhos, o especialista Cláudio Moura Castro relacionou algumas das dificuldades enfrentadas pelo sistema, mas manifestou otimismo quanto ao futuro. Relacionou uma série de brasileiros ilustres, aos quais devemos gratidão por tudo o que conquistamos até agora.
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