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Em livro, papa pede uma Igreja próxima a divorciados e gays
A igreja deve se mostrar próxima a todos, inclusive de divorciados e gays, conforme as reflexões do papa Francisco em seu livro, escrito pelo jornalista italiano Andrea Tornielli com base em uma entrevista do pontífice e que teve nesta terça-feira o seu lançamento mundial.
A obra, baseada em perguntas breves e simples respondidas extensamente pelo papa com várias lembranças e episódios de sua vida, já foi qualificado como a encíclica sobre a misericórdia que o pontífice sempre quis escrever.
“O nome de Deus é Misericórdia”, que chega hoje às livrarias de 86 países, é também uma espécie de “manifesto” do Ano Santo que começou em novembro do ano passado sobre este tema. Um fato curioso é que o papa escreveu de próprio punho o título do livro nos seis idiomas em que ele foi lançado (português, inglês espanhol, italiano, francês e alemão).
O jornal La Stampa explica, para Francisco, a Igreja tem que aquecer “o coração das pessoas com a proximidade”. E as respostas do papa comprovam isso.
“A pessoa não é definida apenas por sua tendência sexual: Não esqueçamos que somos todos criaturas amadas por Deus, destinatárias de seu infinito amor. Eu prefiro que as pessoas homossexuais venham se confessar, que fiquem próximas do Senhor, que possamos rezar juntos”, diz ele sobre a posição da Igreja com relação aos homossexuais.
Uma proximidade também que ele pede com os divorciados e pessoas que voltaram a se casar a que são excomungados e afastados pela Igreja Católica.
“Abrace e seja misericordioso, embora não possa absolvê-los. Dê a eles de todos os modos uma bênção”, acrescenta o papa.
A novidade do livro está na simplicidade da linguagem e nos exemplos do cotidiano que ele dá.
“Tenho uma sobrinha que se casou no civil com um homem antes que ele pudesse obter a nulidade matrimonial. Queriam se casar, se amavam, queriam ter filhos, de fato tiveram três. Este homem era tão religioso que todos os domingos, quando ia à missa, ia ao confessionário e dizia ao padre: ‘Sei que o senhor não me pode me absolver, mas pequei nisto e naquilo outro, me dê uma bênção’. Isto é um homem formado religiosamente”, exemplifica o papa.
No livro, Francisco também lembra a história de uma mulher na época em que ele era sacerdote em Buenos Aires. A mulher trabalhava como prostituta para sustentar seus filhos e um dia foi à igreja para agradecer o então padre Jorge Mario.
“Eu achava que ela tinha vindo agradecer os alimentos que a Cáritas tinha mandado entregar: ‘Você recebeu?’, eu perguntei. E ela respondeu: ‘Sim, recebi e agradeço por isso, mas vim aqui para dizer obrigada, principalmente, pelo senhor não ter deixado de me chamar de senhora'”, relata.
Em outro capítulo, o pontífice critica a falta de misericórdia de uma Igreja que ainda nega o funeral a um recém-nascido se ele morrer antes de ser batizado.
Já sobre a corrupção, ele tem uma fala simples e clara: “o corrupto é quem peca, não se arrepende e finge ser cristão; quem lamenta a pouca segurança nas ruas, mas depois engana o Estado evadindo impostos”.
O livro é também uma confissão do maior representante da Igreja sobre sentir saudades de seu papel de confessor para poder perdoar: “Agora confesso menos, mas ainda o faço. Às vezes, tenho vontade de poder entrar em uma igreja e sentar-me no confessionário”.
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