Política

José Carlos Bumlai é preso na Lava Jato por usar contrato com Petrobras para quitar dívida

24/11/2015
José Carlos Bumlai é preso na Lava Jato por usar contrato com Petrobras para quitar dívida
utilizou contratos firmados na Petrobras para quitar empréstimos junto ao Banco Schahin (Foto: Reprodução)

Bumlai utilizou contratos firmados na Petrobras para quitar empréstimos junto ao Banco Schahin (Foto: Reprodução)

 

O Ministério Público Federal (MPF) afirmou que o pecuarista José Carlos Bumlai, preso nesta terça-feira (24), em meio a21ª fase da Operação Lava Jato, utilizou contratos firmados na Petrobras para quitar empréstimos junto ao Banco Schahin. O dinheiro era destinado ao Partido dos Trabalhadores (PT), de acordo com o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Diogo Castor de Mattos.

O empréstimo principal em investigação nesta fase era inicialmente de R$ 12 milhões e teve o valor elevado devido a juros. A dívida, de acordo com o Ministério Público Federal, foi perdoada, e a irregularidade foi mascarada com uma falsa quitação.

Em troca deste financiamento, empresas do grupo Schahin conquistaram o contrato de navio-sonda Vitória 10.000, sem licitação, ainda conforme o Ministério Público Federal. O  PT ainda não se posicionou sobre as acusações.

A prisão de Bumlai é preventiva, que não tem data para vencer.

A fraude
Para justificar ao Banco Central a falta de pagamento, o banco Schahin efetivou um novo empréstimo em nome de uma empresa do pecuarista. Foi criado um falso contrato entre o empresário e fazendas do grupo Schahin.

Ele disse ainda que, além do empréstimo principal, há pelo menos uma dezena de outros empréstimos, no valor de dezenas de milhões de reais, envolvendo pessoas físicas ligadas ao pecuarista.
Bumlai e delações

O nome de Bumlai, que é empresário do setor sucroalcooleiro e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com livre acesso ao Palácio do Planato, apareceu em colaboração premiada de Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras, e do lobista Fernando Baiano.

Baiano afirmou que Bumlai recebeu R$ 2 milhões em propina. O dinheiro, conforme colaboração premiada do lobista, era o pagamento em virtude da intermediação de Bumlai junto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um contrato com a petrolífera.

Ao complementar as explicações sobre esta nova fase, o procurador Carlos Fernando de Santos Lima disse que a comprovação dos fatos envolvendo a Petrobras está adiantada. Ele afirmou que existe claramente uma “vinculação política” nesse primeiro empréstimo, à época que José Dirceu era ministro da Casa Civil.

Dirceu, condenado pelo caso Mensalão, também é réu em ação no âmbito da Lava Jato e está preso no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Diante da proximidade entre Bumlai e Lula, o procurador afirmou que há comprovação de envolvimento do ex-presidente petista no esquema de corrupção. É sabido, segundo Lima, que houve o uso do nome de Lula. “Existem notícias de que a ordem tenha vindo de cima, mas é uma informação que não teve o conteúdo efetivo”.