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Jatiúca
O Professor Théo Brandão, um dos maiores folcloristas do Nordeste brasileiro, que se encontrava num nível cultural de Câmara Cascudo e de José Maria de Melo, compra um sítio, nas proximidades da Lagoa da Anta, na região conhecida pelos pescadores como Carrapato, naturalmente pela proliferação desse inseto.
Estudioso dos costumes populares, inteira-se de que os indígenas chamavam carrapato de Jatiúca. Populariza o nome com a rotulagem que emprestou ao seu sítio transformando-o, em pouco tempo, num centro de eventos artísticos.
Recordo-me que, aos meus 13 ou 14 anos de idade, Arsêncio Ferreira, patrimônio da poesia pernambucana, que era casado com Emília, prima de papai, hospedou-se em nossa residência, quando morávamos na rua do Marquês de Herval, no Alto da Conceição. Viera a Maceió, a convite de dona Leda Collor de Mello, para o lançamento de um livro de poemas. Em tom de brincadeira, me contratou como secretário e passei a acompanhá-lo em todos os compromissos que manteve em nossa cidade. O pagamento era feito em sorvetes. O acontecimento mais importante aconteceu no Sítio Jatiúca oportunidade em que, pela vez primeira, visualizei o Governador Arnon de Mello. Era um fim de tarde. Aquele momento mágico, quando o dia luta para penetrar na noite. O crepúsculo se fez mais belo como se quisesse compor o cenário onde Ascêncio Ferreira, com seu físico de gigante, transformava-se em beleza através de sua poesia. A fina flor da sociedade alagoana ali se encontrava. Dona Leda, que dominava or ambiente, esconde-se para projetar o poeta em toda sua grandeza. Jamais esqueci. Permaneceu, para mim, ao longo do tempo, a imagem daquela mulher que tanto fez pelo desenvolvimento e a divulgação da cultura em nossa terra.
Quando adolescente, aluno do Colégio Batista, costumava em companhia de alguns colegas, principalmente de Zedu Lessa, que no futuro seria piloto comercial e coordenaria a equipe dos pilotos do Governo do Estado, visitar o Aeroclube que funcionava na área onde o Governador Lamenha Filho construiria o Conjunto Castelo Branco. A região era composta, praticamente, de sítios e de casas modestas.
O Grupo Lundgren, um dos mais poderosos do país, desejoso de diversificar suas atividades econômicas, investindo no ramo de hotelaria, elege a marca Altesa como símbolo. Maceió foi a cidade escolhida para ser a pioneira. A inauguração do Hotel modifica, totalmente, a paisagem turística de nossa capital. Passou a ser chique hospedar-se no Jatiúca. As figuras mais importantes da política paulista e os milionários, escolheram como meta e a alta classe média, como afirmação, passar temporadas no hotel. A marca Altesa ofuscou-se diante da palavra nativa, Jatiúca.
O crescimento vertiginoso que acontece nos dias de hoje foi fruto da expansão dos edifícios de apartamentos da Ponta Verde, da construção do Hotel Jatiúca e do Shopping Iguatemi. É um dos bairros mais valorizados de Maceió e, residir em Jatiúca, tornou-se sinal de status.
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