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Ernani mero

11/02/2015
Ernani mero

Os trabalhos de pesquisa se incluem entre os mais importantes para preservar e remeter à posteridade a memória de uma época, de um povo, de uma cultura. Cultuar o passado não é cultivar o saudosismo mas, acima de tudo, é trazer para o presente as lições que retratam o esforço de uma geração para, a partir desse conhecimento, buscar a construção de um futuro que guarde consonância e se encadeie dentro das conquistas já obtidas. Em Alagoas, muitos se destacaram nesse difícil e abnegado mister, mas, dentre tantos, sobressai a figura de Ernani Otacílio Mero pela pertinácia e competência.
Nascido em Penedo, na rua Estreita do Rosário, em 15 de fevereiro de 1925, o filho de Osvaldo e Áurea Otacílio Mero cresceu e se fez homem percorrendo as centenárias ladeiras da capital do Baixo São Francisco, que ziguezagueiam entre as fachadas coloniais, as belas igrejas e os ricos monumentos, transformando-a num patrimônio de inesgotável valor arquitetônico e reservas culturais, para nosso Estado.
Do alto da Rocheira, terá tantas vezes contemplado a cidade querida, plantada às margens do rio da integração nacional, que se fez dela escravo e dedicou parte de sua vida a perpetuar no tempo as imagens e as histórias do torrão natal, onde concluiu seus estudos de nível médio e superior, já que foi graduado pela Faculdade de Formação de Professores de Penedo, conquista do esforço de outro abnegado e idealista penedense, o médico Raimundo Marinho.
Casou-se, constituiu família, foi útil e, sobretudo, procurou disseminar cultura. Como professor dos melhores colégios, despertou na juventude conterrânea o gosto pela conquista do saber e, como escritor, difundiu seus conhecimentos por um universo bem mais amplo, extrapolando os limites municipais e do próprio Estado de Alagoas. Transferiu residência para a capital, quando a preocupação com a instrução da prole falou mais alto em seu coração. O sacrifício valeu a pena. Carlos, o mais velho, além de jurista respeitado, é, também, escritor que desponta, valoroso, entre as novas e já vitoriosas vocações literárias e Ricardo, o Procurador do Estado, segue as pegadas do primogênito.
Em Maceió, Ernani Mero deu prosseguimento às atividades de magistério e de pesquisador. Sua produção literária, constituída de ensaios, poemas, crônicas, história e reminiscência, é vasta e respeitada pela comunidade intelectual contemporânea. Ao ser eleito, em 04 de outubro de 1989, para, sucedendo Félix Lima Junior, ocupar a cadeira patrocinada pelo Barão de Penedo, na Academia Alagoana de Letras, contava 66 anos de idade e conduzia uma bagagem intelectual das mais férteis, constituindo-se numa das grandes contribuições oferecida à História de Penedo, de Alagoas e do Brasil. Seus livros História de Penedo, Painel Barroco do Brasil, Na Varanda do Tempo, Os Franciscanos em Alagoas, Religião e Racismo, Arruar Pelo Tempo e Barão de Penedo, são algumas das obras que o fizeram merecedor de lisonjeiros depoimentos dos grandes das letras, como o inesquecível Noaldo Dantas, quando disse: “Sua obra é plena de alagoanidade. Pela historiografia inusitada ele faz de seus livros uma lição para os vindouros”.
Se, ser imortal é permanecer, pelas obras e ações, vivo na lembrança dos povos, Ernani Otacílio Mero conquistou, merecidamente, a imortalidade.