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Palmeira dos índios

07/01/2015
Palmeira dos índios

    Viajei em companhia de Lourinha, como todos chamavam a encantadora jovem Maria de Lourdes, de longos cabelos louros que ela habilmente enrolava em uma trança única e jogava ao longo de suas costas. O trem, como sempre, chegou atrasado. Era mais de meia-noite. Fomos recebidos por Pedro Mariola, proprietário da maior e melhor oficina de Palmeira. Colocou nossas malas em sua caminhonete e nos levou para sua residência, na Rua das Flores. O casal era formado por uma mulher bonita e romântica e um homem mais idoso, rude pela própria natureza de sua atividade, que transmitia uma imagem de força. Excelente profissional, respeitador e bondoso, era muito estimado. Jamais os esqueci. Eles permanecem em minhas saudades.
Palmeira dos Índios, na década de cinqüenta, viveu a sua maior fase de prosperidade. A  estrada, pavimentada pelo Governador Arnon de Mello e o terminal ferroviário a transformaram no grande eixo, em direção ao alto sertão. O Rio São Francisco perdia a importância como meio de transporte. Os restaurantes não tinham portas. Eram abertos dia e noite tal o movimento de sua freguesia. Era a entrada e saída de todo o sertão alagoano. Possuía força política para eleger quatro deputados. Dois cinemas ofereciam os filmes que passavam na capital. Elegeu três misses Alagoas. Os Colégios Pio XII, masculino e Cristo Redentor, feminino,  este administrado pelas religiosas da Congregação do Amor Divino,  educavam seus filhos. Para alegria da população, conseguiu a tão sonhada sede da Diocese, tendo como pastores dois grandes Bispos: Dom Octávio Aguiar e Dom Fernando Iório.
Os índios Cariris e Xucurus foram os primeiros habitantes do atual município, em meados do século XVII. Eles viveram em meio a um abundante palmeiral que constituía a vegetação local, inspirando o nome dado ao município.
Em 1770, o frei Domingos de São José construiu a primeira igreja. Em 1798 foi criada a freguesia de Palmeira dos Índios e, em 1835, o povoado foi elevada à categoria de vila, desvinculando-se de Anadia, sendo elevada a cidade em 20 de agosto de 1889.
Conhecida como Princesa do Sertão, Palmeira tem também sua origem romanticamente ligada à lenda de um casal de índios, Tlixi e Tixiliá. Conta-se que, há 200 anos, Tixiliá estava prometida ao cacique Etafé, mas era apaixonada pelo primo Tilixi. Um beijo proibido condenou Tilixi à morte. Ao visitar o amado, Tixiliá teria sido atingida por uma flecha fatal de Etafé, morrendo ao lado de seu eleito. No local, nasceu uma Palmeira, que simbolizava o amor intenso do casal.
Distando 135 km de Maceió, a cidade tem como atrações turísticas o Museu Xucurus, que fica na Igreja do Rosário, construída pelos escravos no Século XVIII, a Casa Museu de Graciliano Ramos, com pertences legítimos, a Aldeia da Cafurna, além do Cristo do Goiti com o teleférico que propicia vista panorâmica da cidade. Entre as festividades, destacam-se a Festa de Reis, Semana dos Índios em abril, o Festival da Pinha, o São João, a Feira de Arte e Cultura e a Semana Graciliano Ramos. Nossa Senhora do Amparo, padroeira da cidade é festejado em dezembro, ensejando o afluxo dos filhos da terra que, na homenagem à protetora, buscando motivos para o reencontro e a confraternização anual.