Artigos
Graciliano Ramos
Graciliano Ramos era um intelectual autodidata. Sua universidade foi a redação dos jornais e suas leituras intermináveis. No entanto, ofereceu à cultura brasileira, um legado de mais de cinco milhões de exemplares publicados de seus 16 livros, que foram traduzidos em mais de 30 países, em 28 idiomas. Os mais famosos são Vidas Secas, Angústia, São Bernardo e Memórias do Cárcere.
Estes livros são lidos, discutidos e tornaram-se temas acadêmicos, em vários países do mundo. É o reconhecimento, universal, da obras literária desse alagoano.
Graciliano, que nascera em Quebrangulo, em 1892, morreu, em 20 de março de 1963, com 61 anos.
O menino das Alagoas viveu em Quebrangulo, depois em Buíque, Pernambuco, novamente em Alagoas, na cidade de Viçosa, no colégio interno em Maceió e, finalmente, Palmeira dos Índios.
Graciliano era alto, magro, falava pouco e não possuía nenhum talento para o riso. Aos 56 anos de idade, auto retratou-se: tenho sete filhos, minha leitura predileta é a bíblia, não tenho preferência por nenhum de meus livros, refaço meus romances várias vezes e escrevo, sempre, pela manhã.
Prefeito de Palmeira dos Índios, diretor da Imprensa Oficial e diretor da Instrução Pública, foi preso, em 1936, sendo levado, de trem para o Recife e, de lá, embarcado num navio, com uma centena de outros presos, para o Rio de Janeiro, por ser acusado de envolvimento com a intentona comunista de 1935. Na verdade, somente ingressou no Partido Comunista Brasileiro, em 1945, quando o PCB já se encontrava na legalidade.
Com o término do conflito mundial, em 1945, a vitória da democracia, a decretação da anistia e a nova legislação eleitoral, que permitira a criação de partido político de qualquer matiz ideológica, legaliza-se o Partido Comunista Brasileiro. Graciliano Ramos, filia-se no PCB, ao lado de intelectuais, artistas, escritores, jornalistas de renome nacional. É também neste ano que aparece a sua obra autobiográfica Infância.
É-lhe reconhecido, como ficcionista, o seu extraordinário potencial de imaginação e criação artística, a formação psicológica dos personagens e tipos humanos, a descrição do meio físico e social. A temática de suas obras trata dos problemas sociais, a miséria do homem das zonas rurais, as injustiças sociais que ali existem, o coronelismo e seu mundo de violência, dominação e exploração, objeto tudo isto da denúncia amarga e implacável do escritor. Enfim, retrata, da maneira mais direta, crua, incisiva, a condição humana, na sua miserabilidade. O sertão nordestino, pode-se dizer, está ali, em seus livros, palpável, real, patético.
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