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Franco Montoro

10/11/2014
Franco Montoro

Eleitos em 1982, governamos no mesmo período os Estados de São Paulo e Alagoas. Ele possuía uma grande influência sobre todos os governadores, não apenas pelo enorme poder que São Paulo desfruta no cenário nacional, mas, principalmente, pela sua rica história política aliada a uma natural simpatia.
O apoio que empresto a candidatura de Tancredo Neves, então, Governador de Minas Gerais, foi decisivo para que fosse eleito Presidente da República. Nossas vidas cruzaram em várias oportunidades. Elegante no vestir e no proceder era um verdadeiro cavalheiro.
Ulisses Guimarães, Tancredo e Montoro vieram a Maceió, para o funeral de Teotônio Vilela. Recordo-me de um diálogo que tivemos, no Parques das Flores, naquela tarde, que esperávamos o corpo de Teotônio, Franco Montoro nos informava que havia renunciado a escolha da presidência da Comissão de Anistia em favor de Teotônio o que possibilitou o surgimento do mito do “Paladino da Liberdade”, graças a coragem cívica e a incansável peregrinação do estimado líder.
Concluído seu mandato, Montoro coordena a luta pela consolidação do regime democrático em todos os países da América do Sul. Nos encontramos, certa feita, no Palácio Simon Bolivar, sede do governo da Venezuela, em Caracas, quando testemunhei o imenso prestígio internacional que possuía.
Parlamentarista por convicção, acreditava que o poder dos Presidentes da República seria mais bem dosado se fosse melhor dividido com o Congresso. Costumava usar um argumento irrespondível: “O Regime Parlamentar era o único que penalizava o administrador político pela incompetência”. Julgava-se um andarilho em busca do Parlamentarismo. Essa convicção teórica foi solidificada, na prática, quando ocupou o Ministério do Trabalho, na equipe do Primeiro-Ministro Tancredo Neves. Explicava com muita lógica que se o Presidente João Goulart tivesse tido a consciência histórica de não conspirar contra a derrubada do parlamentarismo e o tivesse consolidado teria evitado a interrupção da democracia Brasileira.
A última vez que conversamos foi no Hotel Bonaparte, sua residência, em Brasília, quando retornara à Câmara Federal. Conversávamos, naturalmente, sobre política. Tentava me arrastar para o engajamento da razão maior da sua atividade parlamentar. Externei minha simpatia pela causa. Os 80 anos não pesavam sobre seus ombros. Ele era todo entusiasmo. Sendo a vida uma escolha, optou por se transformar um exemplo do Político Maior.