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O humorista, roteirista, diretor e escritor Max Nunes, morreu aos 92 anos

12/06/2014
O humorista, roteirista, diretor e escritor Max Nunes, morreu aos 92 anos
Foto: Ana Ottoni/Folhapress

Foto: Ana Ottoni/Folhapress

O humorista, roteirista, diretor e escritor Max Nunes, parceiro de Jô Soares há mais de 30 anos, morreu nesta quarta-feira (11), aos 92 anos, no Rio. Ele morreu em razão de uma infecção generalizada após ter sofrido uma queda e fraturado a tíbia. Nunes estava internado no Hospital Samaritano, na zona sul da cidade.
“É uma perda de um grande amigo e de um grande talento. O Max esteve entre os maiores humoristas, no nível do Millôr Fernandes e do Chico Anysio. Tirando isso, é difícil comentar, pois éramos muito próximos”, disse Jô Soares em comunicado oficial divulgado pela emissora.
De acordo com o boletim divulgado pelo hospital, o velório será realizado nesta quinta-feira (12), a partir das 8h, na capela I do cemitério São João Batista, em Botafogo, e o sepultamento está marcado para o meio-dia.
Max Nunes trabalhou durante 38 anos como roteirista e consultor de texto da Rede Globo e participou da criação de programas como “Balança Mas Não Cai” (1968), “A Grande Família” (1972), “Satiricom” (1973) e “Planeta dos Homens” (1976). Tinha uma parceria de mais de 30 anos com o humorista Jô Soares. Alguns dos grandes sucessos de Jô têm origem em textos de Max, como os personagens Capitão Gay e a cantora lírica Nanayá Com Ypsilon. Ele deixa duas filhas, as atrizes Bia Nunnes e Maria Cristina Nunnes.
Max Newton Figueiredo Moreira Nunes nasceu no Rio, em 17 de abril de 1922. Desde muito cedo, teve contato com o meio artístico, já que seu pai, Lauro Nunes, era humorista e jornalista, escrevia esquetes para a Rádio Mayrink Veiga. Sua casa era frequentada por artistas e intelectuais. Além disso, Max era vizinho de Noel Rosa, com quem se acostumou a andar e por quem foi incentivado a cantar.
Na infância, participou de programas de rádio e de concursos musicais. Nos anos 1950, ficou famoso por suas marchinhas. A música “Bandeira Branca” gravada por Dalva de Oliveira no Carnaval de 1970, é de autoria de Nunes e Laércio Alves.
Quando começou a seguir os passos do pai, Max ouviu dele: “Você tem jeito, mas olha que ninguém faz fila pra comprar soneto, muda de vida”. E em 1948, ele formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina da antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e se especializou em Cardiologia. Exerceu a profissão até a década de 1980, mas sem abandonar a carreira artística.
Estreou como roteirista do programa “Barbosadas”, na Rádio Nacional, e do filme “E o Mundo Se Diverte” (1948), de Watson Macedo. Trabalhou na Rádio Tupi, em programas como “A Queixa do Dia”, “Ninguém Rasga”, “Dona Eva” e “Seu Adão e O Amigo da Onça”, e integrou a equipe de produtores da Rádio Nacional, quando surgiu o humorístico “Balança Mas Não Cai”, humorístico que ganhou versões para o cinema, o teatro de revista e a televisão. Escreveu 36 peças para o teatro de revista.
Convidado a voltar para a Rádio Tupi em 1952, passou a se dedicar a apenas um programa, o “Uma Pulga na Camisola”. Com mais tempo para outras atividades, produziu colunas nos jornais “Tribuna da Imprensa”, de 1954 a 1955, e “Diário da Noite”, de 1954 a 1960.
Escreveu pela primeira vez para a TV em 1962, quando criou os programas “My Fair Show” e “Times Square” para a TV Excelsior. Chegou à Globo em 1964, como roteirista e diretor, ao lado de Haroldo Barbosa, do humorístico “Bairro Feliz”, que teve no elenco nomes como Paulo Monte, Grande Otelo, Berta Loran e Mussum. Em 1966, estreou “Riso Sinal Aberto” e “Canal 0”, que se transformou no “TV0-TV1”, apresentado por Paulo Silvino e Agildo Ribeiro.
Ainda nos anos 70, fez parte da equipe de redação do “Faça Humor, Não Faça Guerra”, ao lado de Jô. Transmitido inicialmente ao vivo, o programa foi um dos primeiros a usar VT, inspirando o humor mais moderno de programas como “Satiricom” (1973), “Planeta dos Homens” (1976) e “Viva o Gordo” (1981) – todos com colaboração de Nunes.
“Uau, a Companhia” (1972), Agildo Ribeiro, Chico Anysio, Ziraldo e Millôr Fernandes, e a primeira versão de “A Grande Família” – inspirada na americana “All in The Family” também tiveram a mão do humorista. Na década de 80, foi um dos autores do “Viva o Gordo”, primeiro programa de humor comandado exclusivamente por Jô Soares e dirigido por Cecil Thiré.
Ao lado do humorista e apresentador, foi para o SBT em 1988, onde lançaram os programas “Veja o Gordo” e Jô Soares Onze e Meia”, e voltaram à Globo com o “Programa do Jô”. Segundo a emissora, o humorista ainda acompanhava de perto as gravações do talk show.