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Jovem palmeirense, novo Secretário da Paz fala da interiorização das atividades da pasta

18/12/2013
Jovem palmeirense, novo Secretário da Paz fala da interiorização das atividades da pasta

Na última sexta-feira (06), o governador Teotonio Vilela Filho escolheu o novo nome para liderar a Secretaria de Estado de Promoção da Paz (Sepaz). E literalmente novo: aos 27 anos, o sociólogo Adalberon Sá Júnior vai conduzir as ações de acolhimento de dependentes químicos, promoção da cultura de paz e prevenção social da violência em Alagoas.AdalberonSa
Nascido e criado em Palmeira dos Índios, Adalberon é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Alagoas e servidor de carreira no município de Maceió, na Secretaria de Saúde. Católico, é ligado às diversas pastorais e movimentos da Igreja, tendo integrado os conselhos estadual e de Palmeira dos Índios da Renovação Carismática Católica. Atualmente, é membro da Comunidade Católica Doce Mãe de Deus, em Maceió.
Ainda em Palmeira, participou ativamente dos movimentos estudantis onde presidiu a União dos Estudantes Secundaristas de Palmeira dos Índios. Nesse período, integrou o Conselho Estadual de Educação e participou ativamente do processo de democratização da gestão escolar, através da eleição para diretores e conselhos das escolas da região.
Chegou à Secretaria de Estado de Promoção da Paz em novembro de 2010, tendo participado da estruturação da pasta e da elaboração de diversos projetos hoje em atuação, como o Acolhe Alagoas, Anjos da Paz, Mediação de Conflitos, Campanha do Desarmamento e o programa de Educação para a Paz, além da reestruturação do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (Coned), ligado administrativamente à Sepaz.
Este é um diferencial interessante na escolha de Teotonio Vilela Filho pelo nome de Adalberon para secretário da Paz: a ascensão de um técnico, que conhece os objetivos do governo para a secretaria, além dos parceiros e público-alvo da pasta.
Dentro da Sepaz, Adalberon Sá Júnior atuou em diversas funções, como Assessoria Direta do Gabinete, Chefia de Gabinete até, em 2012, assumir a Superintendência de Promoção de Cultura de Paz. Foi nesse cargo que ganhou projeção ao coordenar os projetos de mediação de conflitos, campanha do desarmamento infantil e com o Ônibus do Desarmamento, o que lhe rendeu o prêmio de Ações Inovadoras do Governo do Estado em 2013 e o Selo Pacifista Francisco de Assis, uma homenagem da Câmara de Vereadores de Maceió e da ONG MovPaz.

Tribuna do Sertão – O que sua chegada representa para a Sepaz? Pois você é jovem e, apesar do histórico de atuação em movimentos sociais, é um rosto novo no cenário político?

Adalberon – Acredito que representa o reconhecimento do trabalho que já vinha sendo feito, entra a questão de o Governo compreender a necessidade de definir alguém da área técnica que ascendeu pelo trabalho que vinha fazendo. Sobretudo pela definição conceitual daquilo que é a Secretaria da Paz e a continuidade daquilo que vinha acertado. Quando o Governador escolhe alguém que já faz parte da equipe de gestão, em outas palavras, significa que ele reconhece que o trabalho que vinha sendo feito precisa ser mantido. As principais políticas, as principais ações serem mantidas e reforçadas.

E ainda mais, representa um reforço ainda mais importante na área responsável tecnicamente pela promoção de cultura de paz e prevenção social da violência. Acho que estes dois pontos são muito importantes porque mostram um apelo para um reforço técnico na gestão da pasta, um apelo para continuidade daquilo que vinha sendo executado pela Sepaz e uma ênfase maior agora nas ações da área de cultura de paz.

E para o interior do Estado, o que podemos esperar da Secretaria de Promoção da Paz?

A interiorização de todos os serviços e ações que a secretaria já desenvolve. Um olhar ainda mais atento para o interior quando o assunto são ações de acolhimento, interiorização dos Anjos da Paz, com um calendário permanente de ações dos Anjos no interior. Vamos trabalhar para que todas as semanas tenha alguma atividade da secretaria acontecendo em uma cidade diferente e construir referências da Sepaz nos municípios.
Os quatro eixos da cultura de paz, que são a mediação de conflitos, Educação para Paz, sensibilização para Agentes da Paz e o desarmamento já vinham tendo ações no interior e pretendemos expandir ainda mais. O Ônibus do Desarmamento já era uma mostra disso e agora que estamos prestes a receber dois ônibus do Ministério da Justiça para unidades itinerantes, poderemos alcançar ainda mais cidades.
Nas ações de Educação para Paz, nossa previsão é ampliar ainda mais o número de cidades que recebam o programa. Na questão da mediação de conflitos, já está prevista a implantação de Núcleos de Mediação de Conflitos em duas cidades do interior, Palmeira dos Índios e Arapiraca, e a ideia é que alguns outros municípios possam receber esses Núcleos, nos projetos que estamos dando andamento.
Além disso, também trabalhar as ações de prevenção às drogas e reinserção social de dependentes químicos através das ações com as escolas, sobretudo, com campanhas de prevenção e conscientização chegando ao interior, mas também com o fortalecimento dos grupos de autoajuda, acompanhamento das famílias dos dependentes químicos acolhidos. Tem ainda a questão da fiscalização efetiva da proibição de venda de bebida alcóolica para menores. Este é um ponto importante que com certeza levaremos para o interior de Alagoas.
Uma coisa que quero trabalhar muito efetivamente é justamente a interiorização dos conselhos, tanto na criação dos Conselhos Municipais de Políticas sobre Drogas quanto a criação do Conselho Estadual e Municipais de Promoção de Cultura de Paz e Prevenção da Violência.

Você falou de várias ações para o interior, mas tem algum projeto especial que você pretende implantar durante sua gestão na secretaria?

Além do fortalecimento do trabalho que já temos, uma coisa que quero trabalhar na minha área é a questão do programa de mediação de conflitos e os conselhos municipais, incentivando a participação social, e na área de políticas sobre drogas [a outra superintendência da Sepaz] é o projeto de acompanhamento das famílias dos dependentes químicos, para dar suporte a eles no processo de recuperação da co-dependência, pois quando uma pessoa da família se envolve com drogas, toda família adoece junto.

Alagoas infelizmente sempre aparece como campeã em índices violentos e a gente percebe um certo descrédito da população, principalmente no interior, onde alguns chegam a se sentir abandonados pelo Estado. O que o senhor tem a dizer sobre isso, desse descrédito na cultura de paz como solução?

Esta é uma coisa que digo sempre: os índices de violência não podem nos empurrar para o fatalismo ou para o imediatismo. O fatalismo é o sentimento de que acabou, não tem mais o que fazer, estamos na barbárie e não tem mais volta, que vamos ser eternamente o estado mais violento. E o imediatismo é o pensamento de que, já que o caos está grande, vamos para as soluções imediatas, que é a velha história do “vamos matar todo mundo”, referindo-se aos bandidos. A indignação com estas situações não podem nos empurrar para o fatalismo e o imediatismo, mas deve sim ser força motora e impulsionadora de uma mudança de comportamento na sociedade. Ela precisa perceber que esse caos também é decorrente de uma cultura de violência que se enraizou da tal forma que nós reproduzimos violência sem querer e sem perceber.
Essa indignação precisa ser transformada em motivação para que a gente mude essa cultura de violência para uma cultura de paz. O que pleiteamos é uma sociedade onde a paz não signifique apenas a ausência de conflitos, mas sim a busca por solucioná-los através de uma postura pacífica, de políticas públicas universais e eficazes na superação de desigualdades e construção de novos valores. Emprenhar as atuais e futuras gerações de uma cultura de convivência e solidariedade, integrar educação e cultura, requalificando conteúdos, dar respostas efetivas às necessidades do povo. Um novo patamar civilizacional contra a barbárie.