Geral
Heliônia Ceres
20/07/2012
Em 1977, convidado pela autora, fiz a apresentação do livro Reflexões, da escritora Heliônia Ceres. Já a conhecia, de longa data, como pedagoga e intelectual, sempre voltada para as coisas do espírito. Formada em Línguas Néolatinas, professora da Universidade Federal de Alagoas, filiada ao Grupo Literário Alagoano, membro atuante da Federação Alagoana pelo Progresso Feminino, sob a batuta de Linda Mascarenhas, sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico e da Academia Alagoana de Letras, a todas essas atividades sempre endereçou o melhor de sua dedicação.
Alma sensível, encontrou na literatura um canal apropriado para extravasar seus pensamentos humanísticos e uma tribuna privilegiada para defender os valores e direitos femininos:
Procuro convencer minhas alunas que está na mulher a salvação do mundo. É educando os filhos, os familiares, inclusive os criados e os dependentes, que ela edificará, para o mundo, a paz. Os homens amarão seus semelhantes, sua pátria, sua gente, na proporção que a mulher lhes infundir amor.
Reflexões foi o terceiro livro de Heliônia Ceres, sucedendo aos Contos, n° 01 e n° 02, publicados, respectivamente, em 1968 e 1975. Ela o compôs recolhendo retalhos de seus pensamentos:
Dizem que o poeta é um fingidor. Vê, onde não há o que ver. Sente, o que não é de sentir e cria cores, como cria sombras, lançando o desafio ao possível. Para mim, o poeta é um outro Deus, pois das espumas ele constrói castelos e recriando sonhos, ele constrói a vida ou quando divaga:
Os elogios, os incensos, geralmente são dados de corpo presente. O que se pensa realmente é o que se diz às escondidas. Como eu duvido, hoje, das palavras. A própria convivência com os homens me ensinou que existe o jogo das palavras vãs e é como se fosse a única verdade que funciona entre as pessoas.
Premiada por várias de suas obras, no Brasil e no exterior, ao falecer, em 1999, Heliônia Ceres deixou mais de uma dezena de livros publicados, divididos em contos, ensaios, biografias e romances, dentre os quais se destacam Rosália das Visões, Cabras-Machos, o Conclave e, datado de 1998, o Olho do Besouro.
Dentro de sua obra literária, gostaria de destacar a coletânea de contos intitulada A Procissão dos Encapuzados. Neste trabalho, ela focaliza o forte sentimento de religiosidade das pessoas simples do interior do Brasil, no caso específico, o Norte de Minas. Questiona a razão de sua presença, como espectadora, naquela procissão. Sentindo-se confusa e alvo de um olhar inclemente, que lhe ascende a chama do escrever tudo o que observe, envolve-se numa atmosfera de medo ou de alucinação. Julga encontrar-se diante de uma verdade e conclui, interrogando sua existência diante do Imponderável. A pergunta paira no espaço e os ecos estendem-se pelas montanhas das Minas Gerais.
Legou aos filhos e à sociedade um belo exemplo de tenacidade e inteligência.
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