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Ação penal contra Cachoeira fica suspensa com afastamento de juiz que recebeu ameaças
A ação penal que apura um suposto esquema criminoso comandado peloempresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está semjuiz. O magistrado responsável pelo caso, Paulo Moreira Lima, pediuafastamento da 11ª Vara Federal em Goiás porque está, segundo ele,sofrendo ameaças de pessoas ligadas ao grupo de Cachoeira.
Com a saída de Moreira Lima, o caso deveria ser encaminhado aotitular da vara, juiz Leão Aparecido Alvez. No entanto, ele é suspeitode ter ligação com um dos investigados. Nesta terça-feira (19), aCorregedoria Nacional de Justiça divulgou que a Polícia Federalidentificou um telefonema do número do magistrado para uma pessoa queintegra a suposta quadrilha.
Segundo a corregedora Eliana Calmon, o juiz Leão Aparecidoconfirmou que a ligação foi feita, mas disse, que na época, o aparelhoestava sendo usado pela mulher dele. Se a interceptação telefônicaindicar qualquer envolvimento de alguém íntimo do juiz Leão Aparecido,como sua esposa, com algum envolvido com a quadrilha, o juiz não poderáestar à frente das investigações, disse Calmon, que prometeu apurar osfatos mais detalhadamente.
No dia 13 de junho, o juiz Moreira Lima enviou um ofício aocorregedor do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, CarlosOlavo, responsável pela correição judiciária na Região Centro-Oeste. Omagistrado lembrou sua trajetória na vara criminal, iniciada em 2009,ao longo da qual condenou vários criminosos que não fazem questão deesconder o descontentamento com o trabalho do juiz.
Segundo Moreira Lima, desde que assumiu a Operação Monte Carlo, elefoi informado de que poderia ser alvo de atentados e que estariaobrigado a se submeter a um rígido esquema de segurança, pois sua vidacorreria perigo. Em um dos episídios citados pelo juiz, policiaisprocuraram parentes dele para falar sobre a Operação Monte Carlo, emnítida ameaça velada, visto que mostraram que sabem quem são meusfamiliares e onde moram.
Ontem (18), o TRF1 divulgou que o juiz deixará a 11ª Vara paracobrir férias de outro magistrado. No entanto, a assessoria de MoreiraLima confirmou que ele deixou a vara por motivos pessoais e que nãoretornaria mais ao posto.
Para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos AyresBritto, as ameaças ao juiz Moreira Lima são um caso de gravidadequalificada. Diante da gravidade dos fatos, a corregedora nacional deJustiça, a conselheira Eliana Calmon, está à frente da apuração dosfatos. Qualquer que seja o resultado das apurações, o andamento doprocesso ficará prejudicado com a saída do magistrado.
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