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Pesquisa levanta principais motivos de acidentes de trânsito em Maceió

04/06/2012

Em maio deste ano, o periódico "International Journal of Collaborative Research on Internal Medicine & Public Health" teve entre seus artigos publicados o resultado de uma pesquisa realizada por alunos da Faculdade de Medicina (Famed). Pertencentes ao grupo de pesquisa "Atenção à Saúde e Desenvolvimento Humano", eles apontaram o estudo das causas de acidentes no trânsito de Maceió.

A partir da coleta de informações obtidas com o Banco de Dados do Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM), disponíveis na Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS), e de levantamento das fichas aplicadas aos pacientes do Hospital Geral do Estado (HGE), o grupo constatou que as falhas humanas e a má conservação viária da capital alagoana são fatores determinantes no crescente do número de acidentes.

Maria Stella Farias, integrante do grupo e uma das autoras do artigo, revela que houve certa dificuldade na descriminação das informações, pois a maior parte dos acidentes era classificada na categoria "outras causas", o que impossibilitava a identificação da causa real dos óbitos. "A declaração de óbito traz como causa base, por exemplo, um trauma crânio-encefálico, mas sem especificar que foi devido ao acidente", relata Stella.

O grupo analisou a cidade de Maceió, no período de 2001 a 2010. Neste intervalo foram constatados 53.186 óbitos, dos quais 1.369, ou 2,57% dos casos, foram causados por acidentes de trânsito. Conforme o artigo publicado, a maior parte desses acidentes são decorrentes de deficiências das vias, dos veículos e, principalmente, das falhas humanas. Outro fator agravante para o número expressivo de vítimas foi o aumento da frota veicular de Alagoas, cujo número triplicou em dez anos.

"Isso engloba não só o uso do álcool, mas também de outras drogas, além do desrespeito às sinalizações, o excesso de velocidade e a má condição dos veículos. Além disso, ainda sofremos com o problema da precariedade de várias de nossas rodovias", detalha Stella.

Também foi analisada a frequência de óbitos por acidentes de trânsito segundo idade, sexo e tipo de acidente. Entre os resultados ficou constatado que os homens representam 81,95% das mortes por esse tipo de causa e 46,7% das vítimas eram pedestres. No caso das mulheres, os óbitos chegam a 18,05% e o número de pedestres sobe para 58,30%.

A pesquisa ainda apontou que o trânsito é a segunda causa de morte entre crianças e jovens – de 5 e 29 anos – e 45% do total dos mortos possui entre 20 e 39 anos de idade. Posteriormente, esses dados serão comparados com os da cidade de São Paulo.

Mudando a realidade

Além de Stella, outros seis alunos da Medicina são acompanhados pela professora Divanise Suruagy e pela técnica do Núcleo de Saúde Pública (Nusp), Rejane Rocha. Como tentativa de diminuir o número de acidentes, eles promovem atividades de reeducação do trânsito no universo acadêmico e escolar.

Em conjunto com o Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran/AL), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Maceió (SMTT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o grupo está promovendo o 1º Curso de Multiplicadores de Educação no Trânsito, que tem o objetivo formar 40 universitários da Ufal para a propagação de informações referentes ao trânsito.

"O que se objetiva hoje é que essa educação não seja tema apenas de um curso pontual, como o nosso, mas que faça parte da grade curricular obrigatória dos cursos, para que o tema não seja negligenciado, como hoje o é. O que se vê são propagandas esparsas, ou campanhas momentâneas, mas as atitudes praticamente não mudam. Assim que a Lei Seca começou a vigorar, foram vistos resultados, mas com a "morte" de sua propaganda na mídia, os índices de acidentes voltaram a subir", alerta Stella.

Outra atividade de extensão do grupo é o projeto "Educação e Saúde na Prevenção dos Acidentes de Trânsito entre Escolares na Cidade de Maceió", que atende 406 estudantes entre 3 e 18 anos de duas escolas públicas de Maceió e visa promover ações socioeducativas no trânsito, atingindo os estudantes e seus familiares. Outras atividades também terão como público carroceiros do município, que serão estimulados a lidar com as regras do trânsito.