Geral

Professor Pedro Teixeira

04/05/2012

  As estudantes que formavam o grupo de danças folclóricas da Secretaria de Educação encantavam todos que se encontravam no Teatro Deodoro. Elas emprestavam beleza e graciosidade ao espetáculo. O pastoril,  a chegança, a bahiana, o reisado, a roda de côco, o guerreiro, adquiriam maior colorido no ritmo e na voz  das lindas adolescentes. A harmonia do conjunto impressionava. Os aplausos vibrantes revelavam o entusiasmo do auditório. O professor Pedro Teixeira era somente alegria. Estava orgulhoso e satisfeito. O sucesso compensava as longas horas de treinamento. Ele conseguira transmitir para suas alunas, explicando as origens e a história de cada folguedo, que folclore é muito mais do que uma diversão. É  extravasamento da alma de um povo, é cultura na pureza popular.

Nascido em  Viçosa, no então povoado Chã Preta, criança ainda recebeu toda a magia das festas natalinas, das homenagens do espírito simples do nordestino do interior, a São João e a São Pedro. Enfeitiçado, assistia aos desafios dos repentistas, às vaquejadas, às cavalhadas. Essas influências marcaram profundamente a sua personalidade. Permaneceu o mesmo apaixonado pelas suas origens. Cada encontro com a cidade de Chã Preta era um reviver de emoções. Era um retorno à infância, com tudo que ela tem de belo. 
Théo Brandão e José Maria de Melo foram seus grandes mestres. Transformaram em paixão o estudo ordenado e aprofundado do folclore, como ciência. As causas da presença lusitana, indígena e africana nas expressões musicais do povo do Nordeste. A nostalgia, o sofrimento do negro escravo, empresta às canções, muitas vezes, não um sentimento de alegria, e, sim, um grito de dor. 
  Governador de Alagoas, nomeei-o para compor o Conselho Estadual de Cultura. Dignificou o colegiado com seu talento e, principalmente, com sua vivência. Cultura, para ele, não era uma posição estática, contemplativa, elitizante. Ela era ação, participação, sal, sangue e vida. Era a alma do povo.
Deus não poderia ter escolhido um momento mais apropriado para chamá-lo. Em plena festa junina, quando o som dos foguetes e das músicas da época impregnam os céus com seu ribombar e alegria, ele chega ao paraíso onde, certamente, dará continuidade à sua nobre missão de não deixar morrer a tradição da terra e da gente que tanto amou.