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Violência explode na segunda maior cidade de Alagoas

02/04/2012

Arapiraca, a segunda maior cidade do Estado de Alagoas, vive um momento preocupante em sua história. Os números que retratam a violência estão crescendo assustadoramente, transformando a tranqüilidade e os hábitos interioranos do seu povo num imenso cenário de medo, tensão, angústia e, principalmente, a sensação de desamparo por parte das autoridades responsáveis pela Segurança Pública.
Proprietários de estabelecimentos comerciais localizados na periferia estão instalando grades de segurança a partir das 18 horas. Os clientes são atendidos do lado de fora e toda a transação entre pagamento e liberação dos produtos é feita em meio às grades. Enquanto isso, as residências parecem mais fortalezas. Muros altos, portões fechados, câmeras, alarmes e cercas elétricas isolam famílias inteiras do resto do mundo. Esse “aquartelamento” social faz com que muitas ruas permaneçam praticamente desertas durante a noite.

Há pouco mais de três décadas, a cidade de Arapiraca era conhecida em todo o Brasil como a capital nacional do fumo. Até hoje, muitos arapiraquenses relembram com saudosismo os tempos da forte pujança econômica, onde grande parte da população buscava no “ouro verde” o sustento familiar. No início da década de 90, a cultura do fumo entrou em declínio e muitos pais de família perderam a principal fonte de renda, o que desencadeou no surgimento das periferias desestruturadas e fadadas ao abandono social.

Apesar de ser chamada de “metrópole do futuro” por alguns estusiastas locais, a realidade é que Arapiraca enfrenta problemas graves que a deixam muito distante desta sonhada realidade. A falta de segurança pode não ser o principal problema, mas certamente é um dos que mais incomodam os arapiraquenses. Nos últimos anos, a população passou a presenciar verdadeiros cenários de guerra, onde pessoas são assassinadas em via pública e à luz do dia.

Além dos assassinatos, diariamente são registradas outras modalidades de crime em Arapiraca, a exemplo de assaltos, espancamentos, roubo de veículos e até seqüestros relâmpagos.

Neste fim de semana, um homem foi perseguido e assassinado com vários tiros de pistola na zona rural. Na zona urbana, menores foram detidos por portarem armas de fogo de brinquedo e outro rapaz, de 22 anos, foi covardemente assassinado no bairro Zélia Barbosa Rocha.

Os assassinatos passaram a ser uma prática criminosa quase que diária em Arapiraca. Ao ligar o rádio logo cedo, a população recebe uma “enxurrada” de notícias ruins, que traduzem os boletins emitidos pela Polícia Militar, Instituto Médico Legal e Unidade de Emergência do Agreste.

Nona cidade mais violenta do Brasil

As estatísticas mostram que a violência em Arapiraca perdeu o controle e ultrapassou fronteiras. No ano passado, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Sanghali e veiculada em rede nacional apontou a capital do Agreste como a nona cidade mais violenta do Brasil.

A pesquisa foi realizada com base em dados coletados entre os anos de 1997 e 2007. No período em que foi realizada a pesquisa, os homicídios em Alagoas apresentaram um percentual de 59,6 por 100 mil habitantes. E não foi só Arapiraca que colocou Alagoas nesta triste estatística. A capital, Maceió, superou Arapiraca, ficando na 8ª colocação em termos de violência.

No início de 2011, um novo levantamento feito e, lamentavelmente, as duas cidades alagoanas apareciam nas mesmas posições anteriores. Críticos consideraram que seria mais seguro morar num país de guerra do que em um destes municípios. Pela ordem do resultado da pesquisa, os dez municípios mais violentos do Brasil são: Jurema (MT), Nova Tebas (PR), Tailândia (PA), Guairá (PR), Coronel Sapucaia (MS), Viana (ES), Tunas do Paraná (PR), Maceió (AL), Arapiraca (AL) e Linhares (ES).