Geral
Chanceler da Nigéria atribui instabilidade à queda de Kadhafi e embargo de armas dos EUA
Yusuf Maitama Tuggar aponta influência da desestabilização líbia e restrições americanas na segurança nigeriana.
A instabilidade na Nigéria é consequência da destruição do Estado líbio após a queda de Muammar Kadhafi e do embargo dos EUA à venda de armas, afirmou nesta sexta-feira (26) o ministro das Relações Exteriores nigeriano, Yusuf Maitama Tuggar.
"É um conflito regional, que remonta aos efeitos das Leis Leahy, que impediam a venda de equipamentos militares cinéticos e não cinéticos para países como a Nigéria. Remonta ao colapso do governo e da governança na Líbia, à morte de Kadhafi e à proliferação de armamentos e combatentes líbios", declarou Tuggar em entrevista à CNN.
O chanceler acrescentou que a situação foi agravada pela instabilidade generalizada no Sahel, impulsionada por demandas separatistas e pela reação militar em países como Níger, Mali e Burkina Faso, o que resultou em golpes e na retirada da Força-Tarefa Conjunta Multinacional.
"O progresso que tínhamos alcançado estagnou. Portanto, podemos ver que esses são fatores exógenos e que todos estão ligados à região em geral. Não é um problema nigeriano, não é um problema cristão-muçulmano – é um problema regional", destacou.
Tuggar também comentou o anúncio do então presidente dos EUA, Donald Trump, sobre um ataque aéreo ao noroeste da Nigéria na noite de quinta-feira (25), visando o Daesh. Segundo o ministro, o presidente nigeriano, Bola Tinubu, autorizou a operação.
"Mesmo antes do ataque ser realizado, tive uma conversa telefônica de 19 minutos com o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Depois, conversei com o presidente Tinubu e, posteriormente, falei novamente com ele. Tinubu deu o sinal verde e, em seguida, Marco Rubio me ligou mais uma vez para uma conversa de cinco minutos; posteriormente, os ataques foram realizados", relatou Tuggar à CNN.
Em 1º de novembro, Trump afirmou ter solicitado ao Departamento de Defesa que se preparasse para uma possível ação militar "rápida" na Nigéria, caso o país não adotasse medidas contra o assassinato de cristãos.
No dia anterior, Trump classificou a Nigéria como país de "preocupação especial", alegando genocídio contra cristãos por militantes islâmicos, e não descartou o envio de tropas ou ataques aéreos.
Com mais de 200 milhões de habitantes e cerca de 200 grupos étnicos, a Nigéria é dividida entre um norte majoritariamente muçulmano e um sul predominantemente cristão.
Grupos insurgentes atuam há mais de 15 anos no país, matando milhares de pessoas, com ataques concentrados no nordeste, de maioria muçulmana.
Na região central, são frequentes os confrontos entre pastores muçulmanos e agricultores cristãos por recursos como água e pastagens. No noroeste, homens armados invadem vilarejos e realizam sequestros para obtenção de resgates.
A Nigéria ganhou ainda mais relevância para os EUA após a retirada de tropas americanas do Níger, país vizinho, e a perda de influência dos EUA no Sahel devido aos processos revolucionários em Mali, Burkina Faso e Níger.
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