Geral
Ministro Dias Toffoli substitui prisão preventiva de empresário alagoano por cautelares
Alan Cavalcante é investigado por chefiar esquema bilionário de corrupção no setor de mineração
O empresário alagoano Alan Cavalcante do Nascimento, investigado por supostamente chefiar uma organização criminosa envolvida em esquemas de corrupção no setor de mineração, passou a cumprir a pena em liberdade após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que substituiu a prisão preventiva por um conjunto de medidas cautelares.
Segundo as investigações, o esquema teria movimentado cerca de R$ 1,5 bilhão. Apenas Alan Cavalcante, de acordo com apuração dos órgãos de investigação, teria recebido mais de R$ 225 milhões de empresas envolvidas no grupo criminoso entre dezembro de 2019 e dezembro de 2024. Ao justificar a decisão, o ministro Dias Toffoli afirmou que as medidas impostas são “suficientes para assegurar a aplicação da lei penal, a preservação da ordem pública e econômica, bem como a conveniência da instrução criminal”.
Além do empresário alagoano, também foram beneficiados com a substituição da prisão o ex-diretor da Polícia Federal Rodrigo de Melo Teixeira, o ex-deputado estadual mineiro João Alberto Paixão Lages e Helder Adriano de Freitas, apontado como um dos principais articuladores do esquema investigado.
Entre as medidas cautelares impostas a Alan Cavalcante estão o uso de tornozeleira eletrônica, a entrega do passaporte, a proibição de se ausentar do país e do estado onde reside, além do recolhimento domiciliar noturno. Toffoli também determinou que o empresário mantenha distância mínima de 200 metros de um imóvel localizado em condomínio onde reside uma magistrada federal envolvida em processos relacionados ao caso.
As investigações apontam ainda que o empresário adquiriu imóveis em prédios e condomínios onde moravam juízes responsáveis por julgar ações de corrupção nas quais ele era parte, o que levantou suspeitas de tentativa de influência indevida sobre decisões judiciais.
Conhecido pelo estilo de vida luxuoso, Alan Cavalcante mora em uma mansão de três andares em um condomínio de alto padrão no município de Marechal Deodoro, na Região Metropolitana de Maceió. Ele ganhou notoriedade por promover festas de grande porte, especialmente no Réveillon, que costumam reunir cerca de 500 convidados, com shows de artistas nacionais. Em 2023, uma das atrações foi o cantor Raí Saia Rodada, cujo cachê pode chegar a R$ 400 mil por apresentação.
Antes de ingressar no setor de mineração, Alan Cavalcante não tinha histórico na área. Até 2010, ele era ligado ao motocross, morava em Arapiraca, no Agreste alagoano, e já atuou como professor de matemática em Teotônio Vilela, além de ter trabalhado no setor de telecomunicações. Em 2023, chamou atenção ao adquirir um blazer e um cordão de diamantes usados pelo jogador Neymar Jr. em um leilão beneficente, pelo valor de R$ 1,2 milhão, o maior lote do evento.
Durante a investigação, chamou atenção das autoridades o fato de que, após o bloqueio judicial, a conta bancária de Alan Cavalcante apresentava saldo de apenas R$ 20 mil, valor muito inferior ao montante que ele teria recebido. No total, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,5 bilhão dos investigados, mas apenas cerca de 1,8% desse valor — aproximadamente R$ 27 milhões — foi localizado.
De acordo com a Polícia Federal, a organização criminosa atuava corrompendo servidores públicos de órgãos estaduais e federais de fiscalização ambiental e mineral para obter licenças e autorizações fraudulentas. Esses documentos eram utilizados para a exploração irregular de minério de ferro em larga escala, inclusive em áreas protegidas e locais tombados, provocando graves impactos ambientais e elevando o risco de desastres sociais e humanos.
As investigações também indicam que o grupo buscava neutralizar a atuação do Estado, monitorando autoridades, dificultando apurações e utilizando diversos mecanismos para lavar o dinheiro obtido com as atividades ilícitas. Projetos vinculados à organização ainda em andamento teriam potencial econômico superior a R$ 18 bilhões, ampliando a dimensão do caso investigado pelas autoridades federais.
Mais lidas
-
1TECNOLOGIA MILITAR
Revista americana destaca caças russos de 4ª geração com empuxo vetorado
-
2TECNOLOGIA
Avião russo 'Baikal' faz voo inaugural com motor e hélice produzidos no país
-
3OPERAÇÃO INTERNACIONAL
Guarda Costeira dos EUA enfrenta desafios para apreender terceiro petroleiro ligado à Venezuela
-
4CRISE INTERNACIONAL
UE congela ativos russos e ameaça estabilidade financeira global, alerta analista
-
5DIREITOS TRABALHISTAS
Segunda parcela do décimo terceiro será antecipada: veja quando cai o pagamento