O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira (23) em alta de 1,46%, aos 160.455,83 pontos, atingindo o maior nível desde 15 de dezembro, mesmo em um dia de baixa liquidez devido à proximidade do feriado de Natal. O movimento foi marcado por uma correção de ativos domésticos e aumento do apetite ao risco, apesar da perda de fôlego das ações da Petrobras e da Vale, refletindo uma alta mais ampla no mercado.

De acordo com Bruno Perri, economista-chefe e sócio-fundador da Forum Investimentos, o desempenho da Bolsa representou uma correção do "excesso de pessimismo" observado nos últimos dias, especialmente em relação ao cenário eleitoral. Segundo ele, o cancelamento da entrevista do ex-presidente Jair Bolsonaro ao portal Metrópoles foi visto como um sinal de incerteza sobre a consolidação da candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026, o que contribuiu para melhorar o humor do mercado.

O otimismo permaneceu mesmo após a divulgação do IPCA-15, que registrou alta de 0,25% em dezembro, conforme divulgado pelo IBGE. O resultado veio em linha com as expectativas do mercado, reforçando a percepção de que um eventual ciclo de afrouxamento monetário deve começar apenas a partir de março.

No cenário externo, as bolsas de Nova York também operaram em alta, embora em ritmo inferior ao do mercado brasileiro, em um dia de liquidez reduzida. No Brasil, o Ibovespa se manteve firme, mesmo diante da queda das ações da Petrobras, impactadas pela nova carteira teórica do índice, e do movimento de realização de lucros na Vale após ganhos recentes.

Para Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, o avanço do Ibovespa foi impulsionado principalmente pelo fluxo e rotação de portfólio, com recomposição de posições após perdas anteriores. Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, destaca que o alívio político e a correção técnica em setores pressionados nos últimos pregões ajudaram a sustentar a alta, mesmo com volume financeiro mais fraco, típico de véspera de feriado.