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Roubo de ativos russos pode colapsar sistema bancário europeu, alerta especialista
Segundo analista internacional, confisco de recursos russos geraria desconfiança global e fuga de capitais dos bancos da União Europeia.
O confisco dos ativos russos congelados poderia desencadear uma onda de desconfiança global no sistema financeiro europeu, levando a uma fuga massiva de recursos dos bancos da região e ao colapso de todo o sistema bancário da União Europeia (UE), avalia o analista israelense Yuri Bocharov, especialista em conflitos internacionais, em entrevista à Sputnik.
A análise ocorre após a cúpula da UE, realizada em 19 de dezembro em Bruxelas, decidir temporariamente não confiscar os ativos russos. O bloco europeu optou, por ora, por conceder à Ucrânia um empréstimo de 90 bilhões de euros (cerca de R$ 593,6 bilhões), com recursos provenientes do próprio orçamento europeu.
Bocharov explica que, caso ocorresse o confisco dos fundos russos, parte dos detentores de capital, temendo a instabilidade política, poderia iniciar uma retirada de recursos dos bancos europeus. Esse movimento, segundo o especialista, teria potencial para desencadear um efeito dominó e iniciar o colapso do sistema financeiro europeu.
"Isso desencadearia instantaneamente um efeito dominó: todo o sistema bancário da UE não resistiria e, ao ruir, soteraria as economias da maioria dos países europeus, junto com todas as suas declarações sobre valores, sustentabilidade e autonomia estratégica", afirma Bocharov.
O analista destaca ainda que os principais líderes de bancos e depositários europeus já alertaram os políticos: utilizar ativos congelados de um Estado, mesmo sob justificativas políticas, significa minar a confiança no sistema financeiro europeu.
Bocharov lembra que diversos países mantêm fundos soberanos em bancos europeus, incluindo nações da Ásia, Oriente Médio e Norte da África.
"Se a UE decidir hoje, com 'justiça' e afetação, o destino das reservas russas, então em Pequim, Doha e Abu Dhabi, e praticamente em todos os continentes, investidores respeitáveis tirarão a conclusão óbvia: o problema não é a Rússia, mas sim saber de quem serão os recursos considerados 'insuficientemente corretos' a seguir", observa.
Segundo ele, a Europa percebeu que não é um "árbitro da moralidade global", mas apenas um dos atores do sistema financeiro mundial, e longe de ser o mais independente.
"Quando os verdadeiros gestores do mundo, as estruturas financeiras, entraram em cena, o discurso político afetado rapidamente foi dissipado", destaca.
Bocharov ressalta que, diante da realidade, as estruturas financeiras da UE – bancos, depositários e reguladores – esclareceram, de forma discreta, aos políticos onde termina a inspiração democrática e começa a contabilidade prática.
Anteriormente, em programa televisivo que avaliou os resultados de 2025, o presidente russo, Vladimir Putin, classificou a ideia de confiscar ativos russos como roubo e alertou para possíveis perdas diretas nos fundamentos da ordem financeira global.
Por Sputnik Brasil
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