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Planos dos EUA para supernavios enfrentam custos altos e atrasos

Projeto de nova frota de navios de guerra dos EUA esbarra em falta de recursos, atrasos industriais e críticas à estratégia adotada.

Sputnik Brasil 23/12/2025
Planos dos EUA para supernavios enfrentam custos altos e atrasos
Supernavios dos EUA enfrentam custos elevados, atrasos e dúvidas sobre viabilidade estratégica. - Foto: © AP Photo / Marinha dos EUA / Christine Montgomery, oficial de 2ª Classe / Handout

Promessas de uma frota "100 vezes mais poderosa" enfrentam obstáculos financeiros, atrasos industriais e questionamentos estratégicos, enquanto especialistas apontam contradições com a doutrina naval dos EUA.

O governo Trump apresentou uma visão ambiciosa para o futuro da Marinha dos Estados Unidos: uma nova classe de navios de guerra de superfície equipados com mísseis de cruzeiro com ogivas nucleares, armas hipersônicas, lasers e canhões eletromagnéticos, além de uma nova geração de porta-aviões. A proposta previa pelo menos 25 embarcações maiores e mais potentes do que qualquer destróier existente.

Segundo o então presidente Donald Trump, esses navios seriam "os mais rápidos, os maiores e 100 vezes mais poderosos" já construídos, marcando o retorno de um tipo de plataforma abandonada pela Marinha em 1944. Na época, o abandono ocorreu por razões ainda pertinentes: alto custo, complexidade técnica e utilidade questionável no contexto de guerra atual.

Atualmente, o projeto da chamada "Frota Dourada" enfrenta entraves básicos. Não há recursos reservados no orçamento do Pentágono, e fontes internas indicam que sequer existem planos de engenharia finalizados. Especialistas lembram que projetar e construir uma nova classe de navios fortemente armados pode levar até uma década.

O cronograma sugerido, de cerca de dois anos e meio, é considerado irrealista até mesmo para reformas modestas, muito distante do tempo necessário para construir um encouraçado com capacidade nuclear. O cenário se agrava diante dos atrasos acumulados nos estaleiros norte-americanos, onde quase todos os navios em construção apresentam atrasos superiores a um ano.

Além disso, operar uma frota composta por embarcações únicas e altamente complexas implicaria custos permanentes com treinamento, peças de reposição e logística durante décadas. A indústria naval dos EUA enfrenta ainda desafios estruturais, como falta crônica de mão de obra qualificada, infraestrutura envelhecida e gargalos na cadeia de suprimentos.

Ex-oficiais da Marinha alertam que manter um programa desse porte pode comprometer investimentos em outras áreas essenciais, desde a manutenção da frota atual até o desenvolvimento de aeronaves de próxima geração, a menos que navios mais antigos sejam aposentados antes do previsto.

Observadores internacionais ressaltam que a proposta vai na contramão da estratégia naval recente, que prioriza sistemas menores, não tripulados e distribuídos, considerados mais adequados para conflitos modernos do que grandes embarcações tripuladas.