Geral
Dólar fecha a R$ 5,58, maior valor em quase cinco meses
Remessas de lucros por multinacionais e incertezas eleitorais impulsionam alta da moeda norte-americana, que acumula valorização de 4,68% em dezembro.
No sétimo pregão consecutivo de alta, o dólar manteve a tendência de valorização nesta segunda-feira (22) e acelerou os ganhos ao longo da tarde. A moeda norte-americana registrou mínima de R$ 5,5182 e máxima de R$ 5,6072, encerrando o dia em alta de 0,99%, cotada a R$ 5,5843 – o maior valor de fechamento desde 30 de julho, quando atingiu R$ 5,5892.
Operadores do mercado apontam que o aumento nas remessas de lucros por multinacionais e saídas relacionadas ao pagamento de dividendos limitaram um possível recuo do dólar frente ao real. No acumulado de dezembro, o dólar já registra valorização de 4,68% ante o real, embora ainda apresente queda de 9,64% no ano.
Empresas como Petrobras e Embraer figuram entre as que contribuíram para o movimento de saídas devido ao pagamento de dividendos, segundo agentes do mercado. Outras companhias estrangeiras, não listadas e fora do radar, também impulsionaram esse fluxo.
Outro fator de pressão sobre a moeda foi a cautela em relação ao cenário eleitoral, especialmente diante da possível candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República. Em entrevista exclusiva à Reuters, o senador afirmou defender uma agenda liberal para 2026, com governo enxuto, corte de impostos, equilíbrio fiscal e retomada de privatizações, começando pelos Correios e, caso estudos recomendem, por partes da Petrobras, considerada por ele "complexa demais".
Para Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos, o mercado busca proteção para o fechamento do ano. "É um movimento de realocação de portfólio. Não espero grandes mudanças no dólar até o dia 31. O cenário reflete também a expectativa de pouca alteração na política econômica em 2027, diante dos sinais do ambiente eleitoral", avalia.
Além das remessas e saídas de lucros, Marcelo Muniz, head da Tesouraria do C6 Bank, destaca a expectativa em torno da entrevista que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concederá amanhã ao portal Metrópoles. "O mercado comenta sobre como será essa entrevista. Houve um fluxo de diminuição de posições, mas não há consenso sobre a motivação", observa.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, fechou o dia em baixa de 0,32%, a 98,599 pontos, após atingir mínima de 98,197 pela manhã.
Com o recesso do Congresso Nacional, os agentes financeiros devem voltar as atenções para os últimos indicadores da semana, como o IPCA-15 de dezembro e os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, ambos previstos para divulgação amanhã.
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