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Estudo revela aumento expressivo no consumo de cannabis entre mulheres brasileiras

Levantamento da Unifesp aponta que uso da substância triplicou entre adolescentes e adultas nos últimos anos, com destaque para a inversão no padrão de consumo por sexo.

22/12/2025
Estudo revela aumento expressivo no consumo de cannabis entre mulheres brasileiras
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

O consumo de cannabis entre meninas e mulheres brasileiras a partir dos 14 anos mais do que triplicou nos últimos anos, segundo estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entre adolescentes, a proporção de usuárias subiu de 2,1% para 7,9%, enquanto entre adultas o índice foi de 3% para 10,6% no período de 2012 a 2023.

O levantamento destaca que a maconha permanece como a substância ilícita mais consumida no Brasil. Cerca de 16,6% da população já fez uso de cannabis ou derivados, como óleos, alimentos ou resinas, o que representa aproximadamente 28 milhões de brasileiros.

O uso recente também aumentou: nos últimos 12 meses analisados, a proporção passou de 2,8% para 6% dos entrevistados.

Os dados fazem parte do terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), realizado pela Unifesp em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senad/MJSP) e a Ipsos Public Affairs. A pesquisa entrevistou 16.608 pessoas com mais de 14 anos em todo o país, entre 2022 e 2023.

O estudo aponta ainda uma mudança no perfil do consumo por sexo. Tradicionalmente mais comum entre meninos de até 17 anos, o uso da droga agora é maior entre meninas, enquanto o consumo entre adolescentes do sexo masculino caiu quase 60% no período analisado.

Riscos e vulnerabilidades

A pesquisa estima que cerca de 1 milhão de adolescentes entre 14 e 17 anos já usaram cannabis, sendo que aproximadamente 500 mil consumiram a substância no último ano.

Entre os jovens, o consumo está associado a piores desfechos: 7,4% dos adolescentes dessa faixa etária procuraram atendimento de emergência devido ao uso da droga, ante 2,7% dos adultos.

Além disso, 68% dos adolescentes usuários manifestam desejo de interromper o consumo, mas 43% relatam dificuldade em conseguir.

O modo mais comum de uso é o fumo, escolhido por 90% dos usuários, com predominância do formato prensado. Cerca de 10% consomem comestíveis e 4% utilizam vaporizadores. O consumo misturado ao tabaco também é frequente: 17% dos entrevistados afirmaram adotar essa prática regularmente.

Outras substâncias ilícitas

O estudo também identificou o uso de canabinoides sintéticos, como as "drogas K", relatados por 5,4% dos usuários de cannabis. Entre adolescentes com menos de 17 anos, esse índice chega a 11,6%.

Houve ainda aumento no consumo de outras drogas psicoativas: em 2023, 18,7% dos participantes disseram ter usado alguma substância ilícita ao menos uma vez na vida. Em dez anos, o uso de ecstasy subiu de 0,76% para 2,20%; o de alucinógenos, de 1,0% para 2,1%; e o de estimulantes sintéticos, de 2,7% para 4,6%.