Finanças
Endividamento das famílias atinge 49,3% da renda e juros do crédito superam 59% ao ano, aponta Banco Central
Quase 30% da renda mensal já vai para dívidas, enquanto ritmo de novos empréstimos desacelera
O endividamento das famílias brasileiras atingiu 49,3% da renda, enquanto o custo do crédito segue em alta, segundo dados do Banco Central. O comprometimento mensal com dívidas subiu para 29,4%, e os juros do crédito livre para pessoas físicas alcançaram 59,4% ao ano, um dos principais fatores que têm freado a busca por novos empréstimos.
Na prática, quase metade da renda anual das famílias está comprometida com dívidas como financiamentos, empréstimos e uso do cartão de crédito. Apesar do cenário de aperto no orçamento, o volume total de crédito às famílias continuou crescendo.
Em novembro, o chamado crédito ampliado às pessoas físicas somou R$ 4,7 trilhões, equivalente a 37,2% do Produto Interno Bruto (PIB). O dado mostra que muitas famílias ainda recorrem ao crédito, seja para manter o consumo, seja para reorganizar dívidas antigas, mesmo diante de condições mais onerosas.
Contudo, o crescimento do crédito vem perdendo força. O estoque total de crédito do Sistema Financeiro Nacional avançou 9,5% em 12 meses, ritmo menor que o registrado anteriormente (10,2%). Isso evidencia uma postura mais cautelosa de consumidores e empresas na hora de assumir novos compromissos financeiros.
No caso das empresas, o movimento é ainda mais moderado. O crédito ampliado às companhias chegou a R$ 6,8 trilhões, ou 53,8% do PIB, mas praticamente não cresceu no mês. Em 12 meses, o avanço foi de 4,8%, impulsionado principalmente pela emissão de títulos de dívida, sinalizando que muitas empresas buscam alternativas fora do crédito bancário tradicional.
A retração do apetite por crédito fica clara nas concessões, que representam os novos empréstimos efetivamente contratados. Em novembro, essas operações somaram R$ 637,5 bilhões, uma queda de 6,6% em relação ao mês anterior. Mesmo após ajustes estatísticos, houve recuo tanto nas operações com famílias quanto com empresas, indicando menor demanda por crédito novo.
O principal fator para esse freio é o elevado custo dos empréstimos. A taxa média de juros das novas operações ficou em 31,9% ao ano. Para as famílias, a média foi ainda maior, de 37,0% ao ano. No crédito livre — que inclui modalidades como crédito pessoal e cartão de crédito — os juros chegaram a 59,4% ao ano, com aumentos especialmente no crédito não consignado e no cartão parcelado.
Apesar do cenário mais desafiador, a inadimplência permaneceu relativamente estável no curto prazo. Os atrasos superiores a 90 dias ficaram em 3,8% do total da carteira de crédito, embora tenham subido em relação ao ano anterior. No recorte das famílias para o crédito com recursos livres, a inadimplência atingiu 6,3%, refletindo a pressão financeira sobre os consumidores.
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