Finanças
IPCA-15 fecha o ano em 4,41%, abaixo do teto da meta
No mês, índice subiu 0,25% pressionado por passagens aéreas e transporte por aplicativo. No ano, café sobe 41%
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) — que é a prévia da inflação — subiu 0,25% em dezembro. No ano, o avanço foi de 4,41%. O resultado aponta que o índice encerrará o ano abaixo do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A meta é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Assim, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não precisará escrever uma carta para justificar descumprimento da meta de inflação.
Os daods foram divulgados nesta terça-feira (dia 23) pelo IBGE. O resultado veio em linha com o esperado. Economistas ouvidos pela Bloomberg projetavam alta em torno de 0,25% no mês, segundo mediana da projeções. No ano, a estimativa era cerca de 4,41%.
O que dizem analistas?
Economistas destacam que, embora os preços tenham subido pouco em dezembro e a inflação encerre o ano dentro do teto da meta, o cenário segue exigindo cautela por parte do Banco Central (BC), responsável por calibrar os juros para conter a inflação.
Leonardo Costa, economista do ASA, calcula que a inflação dos serviços subjacentes - que inclui serviços mais intensivos em mão de obra e exclui itens mais voláteis, indicando uma tendência mais estrutural dos prçeos - avançou para 5,76% no acumulado de 12 meses. Ele acredita que uma alta pode se repetir nos próximos dois meses. A mesma métrica para bens industrializados só teve melhor desempenho em dezembro por conta da queda do dólar e valorização do real este ano.
— O balanço qualitativo de dezembro foi pior do que o registrado nos últimos meses.
Antonio Ricciardi, economista do Daycoval, também chama atenção para a pressão sobre os serviços subjacentes:
— Os itens intensivos em trabalho mostraram aceleração com relação ao mês anterior. Este é um dos principais itens que o Banco Central gostaria de ver arrefecer. Portanto, reforça o cenário de cautela.
Alexandre Maluf, economista da XP, também destaca o avanço dos serviços subjacentes como uma preocupação, e avalia que o índice desagregado de inflação veio "levemente pior que o esperado". A inflação de serviços, conforme sua projeção, só deve desacelerar de 6% para 5,3% em 2026.
— Reforça nossa avaliação de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve iniciar o ciclo de flexibilização apenas em março.
Passagem aérea e transporte por app em alta
O aumento dos preços em dezembro foi puxado, sobretudo, por passagens aéreas (alta de 12,71%, frente o mês anterior) e transporte por aplicativo, com avanço de 9% no mês. Os combustíveis subiram em média 0,26%, com altas de 1,70% no etanol e de 0,11% na gasolina. O gás veicular e o óleo diesel, por outro lado, recuaram 0,26% e 0,38%, respectivamente.
— Esse movimento era esperado dada a sazonalidade de aumento dos preços das passagens aéreas no final do ano — diz Ricciardi, do Daycoval.
Os itens ligados a Vestuário também pressionaram o índice no mês, com alta nas roupas infantil (1,05%), feminina (0,98%) e masculina (0,70%).
Os descontos concedidos durante o período da Black Friday, que diluiu promoções ao longo do mês anterior, se reverteram mais rápido do que apontavam a maioria das projeções do mercado, destaca Mariana Rodrigues, economista da SulAmérica Investimentos.
Já o grupo Alimentação e bebidas, que segundo economistas exerce um dos maiores pesos sobre o orçamento familiar, variou 0,13% em dezembro. A alimentação no domicílio, que considera os itens comprados nos mercados, registrou queda pelo sétimo mês consecutivo, segundo o IBGE. Já alimentação fora de casa subiu 0,65% em dezembro, com altas do lanche (0,99%) e da refeição (0,62%).
No ano, café sobe 41%
Na análise anual, o grupo que mais puxou o avanço da inflação foi Habitação, com alta de 6,69% em 2025. A energia elétrica residencial, que acumula 11,95%, responde sozinha por 0,47 ponto percentual do índice no ano. O segundo maior impacto veio do grupo Alimentação e bebidas, que subiu 3,57%.
Foi a alimentação fora de casa, no entanto, que mais pesou. O lanche ficou 11,34% mais caro, enquanto a refeição subiu 6,25%. Mas há itens em específico comprados no mercado que pressionaram o orçamento das famílias. O café acumulou no ano uma alta de 41,84%.
No lado das quedas, o arroz registrou recuo de 26%, enquanto leite longa vida e batata-inglesa recuaram 10,42% e 27,7%, respectivamente.
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