Curiosidades
Com murais pelo mundo, Kobra investe em telas e prepara mostra retrospectiva para 2027
Durante a 23ª edição da Art Basel Miami Beach, artista paulistano apresentou seleção de telas, criadas como estudo para murais. "Levo mais tempo para pintar uma tela de um metro quadrado do que uma empena de prédio", afirma.
Reconhecido internacionalmente por seus murais em espaços públicos — feitos ao longo de 37 anos de carreira e que o levaram ao Guinness Book —, o artista paulistano Kobra tem dado novos passos em sua trajetória. Desta vez, não em termos de ambição, mas na escala de seus trabalhos. Cada vez mais dedicado à produção de telas em seu ateliê em Itu, interior de São Paulo, Kobra apresentou, no início do mês, uma seleção dessas obras durante a 23ª edição da Art Basel Miami Beach, a maior feira de arte das Américas, realizada na Flórida.
Representado pela galeria Eden, com presença em países como EUA, França e Emirados Árabes, o artista vendeu 16 telas em Miami — cidade que abriga oito de seus 57 murais nos Estados Unidos, incluindo trabalhos icônicos no distrito de Wynwood e o mural dedicado ao piloto Ayrton Senna, no autódromo local. O objetivo é ampliar a visibilidade de uma produção iniciada como estudos para murais e que agora ganha protagonismo.
"Faço esse trabalho em menor escala há cerca de 20 anos, mas não era algo que destacava porque começou como estudo para os murais", explica Kobra. "Cada trabalho público tem um original em tela, é como testo cores, luz e sombra. A maioria foi adquirida por colecionadores, mas não havia tanta divulgação porque a técnica ainda estava em desenvolvimento, era um processo de adaptação para a escala menor."
Além das obras vendidas diretamente em seu ateliê, telas de Kobra também são arrematadas em leilões beneficentes, cuja renda é revertida para o Instituto Kobra, dedicado a ações sociais e formação artística. A sede do instituto, em Itu, está em reforma e tem reabertura prevista para o próximo ano.
"Levo mais tempo para pintar uma tela de um metro quadrado do que uma empena de prédio. Como minhas obras são realistas, nos murais consigo fazer rapidamente formas, trabalhar luz, sombra e perspectiva", relata o artista. "Na tela, tudo é mais minucioso. Preciso me dedicar mais num espaço reduzido para detalhar rostos ou mãos, por exemplo."
Em Miami, Kobra também expôs obras criadas em papelão, ampliando a variedade de suportes e, com isso, sua presença em museus e galerias. No último ano, expôs em instituições como o museu do Hampton House, em Miami, e o Palazzo Blu, em Pisa, na Itália.
"Sair das ruas para o circuito de galerias e museus sempre foi um desafio para quem veio do grafite, desde Keith Haring até nomes atuais como Banksy. Sei que essa possibilidade veio da visibilidade dos meus murais, que nunca vou abandonar. Para um autodidata vindo da periferia, é inimaginável conquistar essas oportunidades que a arte me deu", afirma.
Entre os projetos futuros, Kobra prepara uma mostra panorâmica itinerante, cobrindo mais de três décadas de carreira, com inauguração prevista para 2027.
"Quero fazer uma exposição que consolide minha trajetória, passando por cidades como Rio, São Paulo e Curitiba, e depois por outros países. Estava esperando o momento certo, inclusive em termos de organização. Estamos catalogando meus trabalhos — são mais de três mil fotos —, mas nem eu mesmo sei onde tenho mural pelo mundo. Estamos levantando tudo, identificando quais obras ainda existem", comenta o artista. "Paralelamente, desenvolvo o projeto Arte de Restaurar, para recuperar meus murais. Inclusive, busco parceiros para restaurar minha obra no Boulevard Olímpico, na Zona Portuária do Rio. Não há um dia em que não me marquem nessa obra nas redes sociais; é um dos murais pelos quais tenho mais carinho."
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