Curiosidades
Até namorado feio entrou na história: entre 'farmar aura', FOMO e performar, veja 10 termos que viralizaram em 2025
Da ascensão do “shreking” ao fenômeno Gagacabana, o ano foi marcado por gírias que explicam desejos, inseguranças e surtos coletivos da geração Z.
O que Taylor Swift, Lady Gaga na praia de Copacabana, um ogro verde apaixonado e um menino dançando na proa de uma canoa têm em comum? Em 2025, absolutamente tudo. A internet passou o ano costurando referências improváveis — e entregando um vocabulário novo que, entre ironias e confissões sentimentais, contou muito sobre o nosso jeito de viver, amar e performar online.
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Se no começo do ano as redes estavam tomadas pelo medo constante de “estar perdendo algo” — o velho conhecido FOMO —, em poucos meses o sentimento virou combustível para novos comportamentos: desde quem buscava “farmar aura” em qualquer esquina até quem, inspirado pela saga de Shrek, assumia publicamente sua preferência por romances menos preocupados com estética e mais focados em afeto.
No meio disso, celebridades ficaram noivas, fãs surtaram num show histórico em Copacabana e debates sobre relacionamentos explodiram depois de uma matéria da Vogue britânica.
O resultado foi um glossário inteiro nascendo quase em tempo real. A seguir, trouxemos dez termos e temas que marcaram 2025.
FOMO
A sigla para fear of missing out ganhou uma nova camada neste ano, num ambiente em que a atualização constante virou quase uma maratona. Em redes como TikTok e Instagram, o medo de “ficar por fora” de trends, notícias e até fofocas impulsionou um comportamento de conexão ininterrupta.
Em 2025, especialistas voltaram a discutir o impacto do FOMO na saúde mental, observando picos de ansiedade especialmente entre jovens que sentem a pressão de acompanhar tudo — e todos — o tempo inteiro.
Shreking
Inspirado em Shrek, o termo viralizou ao descrever um fenômeno cada vez mais comentado: gente considerada “padrão” se apaixonando por parceiros fora dos padrões estéticos tradicionais.
O debate saiu dos memes e ganhou corpo quando relacionamentos como os de Selena Gomez com Benny Blanco e o casamento de Lana Del Rey se tornaram símbolos dessa rejeição à lógica da perfeição. A discussão oscilou entre o romance autêntico e críticas de quem via no termo uma forma irônica ou cruel de categorizar relações.
“Ter um namorado é vergonhoso?”
A pergunta começou como provocação, virou debate internacional e aterrissou no Brasil com força. Posts que refletiam sobre a suposta “vergonha” de assumir um relacionamento nas redes, especialmente para mulheres jovens, colocaram em pauta temas como perda de identidade, medo de exposição, pressão social e a busca crescente por autonomia.
O estopim foi uma reportagem da Vogue britânica que questionava se estar em um namoro “era cringe”. Em 2025, a conversa se tornou um espelho das tensões da Geração Z com a heterossexualidade, a exposição pública e as armadilhas de relacionamentos que ainda reproduzem expectativas antigas.
Parassocial
Escolhida como Palavra do Ano pelo Dicionário Cambridge, “parassocial” descreve vínculos unilaterais — intensos, emocionais e muitas vezes profundos — que fãs constroem com celebridades, influenciadores ou personagens digitais. Não é novo: o conceito é de 1956.
Mas este ano ganhou novo fôlego com exemplos que foram da comoção de swifties ao descobrir o noivado da cantora até interações emocionalmente carregadas com criadores de conteúdo e até inteligências artificiais. A sensação de intimidade encenada, mas real para quem sente, fez o termo ressurgir como diagnóstico cultural do nosso tempo.
Gnarly
Impulsionada pelo hit “Gnarly”, do grupo de K-pop KATSEYE, a palavra voltou ao centro das atenções em 2025, principalmente entre a comunidade gay. A faixa mergulha no hyperpop e brinca justamente com a ambiguidade do termo, que no inglês pode significar tanto algo incrível quanto algo tenso ou desagradável.
Na música, as cantoras mostram como ela é capaz pode abarcar tudo, de “bubble tea” a “Tesla” e até as festas em Hollywood, sempre dependendo do contexto.
A origem, porém, é antiga: “gnarly” vem de “gnarled”, que descreve galhos retorcidos e cheios de nós, e por muito tempo foi usado de forma negativa. O sentido mudou nos anos 1980, quando surfistas da Califórnia passaram a usá-lo para elogiar ondas radicais, criando o equivalente ao nosso “irado”.
Desde então, o termo se tornou um camaleão linguístico, capaz de apontar exagero, crítica ou puro entusiasmo — justamente a fluidez explorada pelo KATSEYE e que ajudou a transformar a canção em um viral do ano.
Farmar aura
Um dos termos mais saborosos do ano nasceu de um vídeo viral em julho: Rayyan Arkan Dhika, garoto indonésio dançando na proa de uma canoa, virou símbolo de “aura” — aquele carisma que não dá para explicar.
A expressão junta o “farmar” dos games (acumular recurso repetindo ações) com “aura”, criando a ideia de alguém que constrói presença social, online ou offline. Seja escolhendo o ângulo perfeito para uma foto no pôr do sol ou entrando confiante em um evento, “farmar aura” virou quase um "estilo de vida" de autopromoção não ostensiva, mas muito calculada.
Bem, e aproveitando a dança única do indonésio, milhares de internautas, incluindo artistas famosos, celebridades e atletas, repetiram a dancinha icônica em momentos de comemoração.
Outlike
Outlike é o foi mais um dos queridinhos do vocabulário das redes em 2025: o termo define aquele momento em que um comentário, desdobramento ou repost recebe mais curtidas do que o próprio post — e, claro, vira o verdadeiro protagonista da conversa.
Surgido no X (antigo Twitter), o neologismo junta “out” e “like” para traduzir a ideia de ultrapassar, de sair na frente em engajamento. Na prática, o fenômeno costuma aparecer quando a replicação é mais espirituosa, relevante ou simplesmente mais interessante do que o conteúdo original.
A lógica é simples: se o post é a porta, o outlike é quem realmente conquista a sala. O uso do termo se espalhou rápido e hoje já funciona quase como métrica cultural — quando um comentário dá “outlike”, é porque o público decidiu quem merece os holofotes.
Performar
Com raízes no mundo artístico, o verbo ganhou uso massivo ao longo de 2025 para descrever comportamentos calculados nas redes.
“Performar” virou um diagnóstico para quem montava uma persona estética — como a garota do coque frouxo lendo um livro no meio de um show para chamar atenção — ou para tendências mais sutis de encenação digital.
Ou também envolvendo o "Homem Performático" que satiriza um estereótipo masculino que se veste e age "sem esforço" com elementos estéticos específicos (matcha, livros de filosofia/feminismo, eco bag) para agradar mulheres, mas que na verdade não passa de uma atuação.
A palavra também carregou crítica: mostra como muitas interações online já não são espontâneas, mas coreografadas para produzir reações, engajamento e validação.
Jurandir
Versão brasileira e bem-humorada do “shreking”, o “Jurandir” se tornou rótulo para o homem feio, enrolado e emocionalmente indisponível que não deveria ser escolha de ninguém, mas que, curiosamente, segue aparecendo na vida de muita gente.
A inspiração veio do personagem de Érico Brás em Tapas & Beijos, um malandro que some, volta e complica tudo. Em 2025, o termo se consolidou como alerta cômico (e às vezes realista) sobre perfis masculinos pouco promissores.
Gagacabana
O neologismo que incendiou as redes em maio resumiu o impacto do show histórico e gratuito de Lady Gaga na Praia de Copacabana.
“Gagacabana” uniu nome, local e furor coletivo. Antes, durante e depois da apresentação, a palavra tomou conta de timelines com vídeos, relatos emocionados e memes que celebravam o momento como marco para a comunidade LGBTQIA+ no país — e um dos maiores eventos pop do Rio na década.
Esses dez termos, nascidos de memes, crises, surtos coletivos, romances e momentos históricos, formam um retrato do nosso 2025 digital: um ano de exageros afetivos, humor afiado, debates sérios e muita criatividade espontânea — ou performada, vai saber.
Em comum, trazem o que a internet brasileira faz de melhor: transformar a vida em linguagem, e a linguagem em memória cultural.
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