Juramentos, promessas, fiscalização e transparência
Ontem foi um dia de cenas repetidas e sempre novas. Em todo o país e especialmente para nós, nas 102 cidades de Alagoas, prefeitos e vereadores assumiram oficialmente seus mandatos. Salões enfeitados, plateias repletas de familiares, amigos e reuniões, e discursos que variaram entre o comovente e o protocolar. Uns falaram com a paixão de quem acredita que vai mudar o mundo; outros, com a economia de palavras de quem prefere não prometer muito além do mínimo exigido. Mas, em geral, um detalhe: todos juraram solenemente cumprir a Constituição e as leis locais, protegendo os interesses da população.
É curioso observar como a palavra “transparência” foi uma das menos pronunciadas, em contraste com a palavra Democracia como se, por um instante mágico, ela pudesse purificar qualquer recebimento ou desconfiança. Democracia, eles disseram. Nada de transparência. Promessas, eles disseram muitas. Expectativa, pensamos todos. E, ao mesmo tempo, uma pergunta incômoda ecoa no coração de quem acompanha a política: quantos esses discursos serão, amanhã, apenas poeira varrida pelo vento da conveniência?
As Câmaras Municipais, em boa parte do estado, viraram extensões das prefeituras. Esse "puxadinho institucional" é o atalho que muitos gestores encontram para governar sem obstáculos, transformando o Legislativo em um mero carimbador de vontades. É aí que entra a imprensa. Onde os vereadores falham, recai sobre os jornalistas o peso de fiscalizar, investigar e dar voz às cobranças que a população faz.
Afinal, o que o povo quer é simples: transparência. Essa palavra, tão desgastada nos discursos políticos, tem um poder revolucionário quando levada a sério. Se cada gasto público ficou exposto ao olhar atento da população, muita coisa errada nem mesmo seria tentada. A luz do sol ainda é o melhor antisséptico, como dizem.
Na posse de ontem, entre lágrimas e abraços, prefeitos e vereadores repetiram juramentos. Hoje, eu também faço o meu. Daqui desta tribuna — a do povo, e não a de nenhuma sigla partidária ou interesse obscuro — renovo o compromisso de cobrar, criticar e fiscalizar. Prometo defender a transparência, o zelo com a coisa pública e o trabalho árduo. E mais: prometo jamais subestimar a inteligência popular.
Porque há uma lição simples, mas poderosa, que os políticos deveriam lembrar ao assumir seus cargos: ninguém engana o povo todo o tempo. E para quem tenta, a história reserva um destino certo: o esquecimento ou, pior, a vergonha.
Então, senhores prefeitos, prefeitas, vereadores e vereadoras, trabalhem. Façam apenas ao que prometeram ontem e saibam que, da plateia atenta da imprensa e da população, os olhos não piscam. Afinal, como disse meu pai, política é coisa séria demais para ficar só na mão de políticos.
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