Vida e Saúde
Nova análise da OMS reforça segurança das vacinas e descarta relação com autismo
Comitê Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da OMS revisou 31 estudos e reafirma: imunizantes são seguros e não causam autismo
Uma nova análise do Comitê Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas (GACVS) da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgada nesta quinta-feira, reafirma que não existe ligação entre vacinas e o transtorno do espectro autista (TEA).
O GACVS, criado em 1999, reúne especialistas de diversos países para fornecer aconselhamento científico independente à OMS. Em reunião realizada no último dia 27, o comitê avaliou evidências referentes às vacinas em geral, com destaque para aquelas que utilizam timerosal, conservante que tem sido alvo de questionamentos, especialmente nos Estados Unidos.
Após examinar 31 estudos publicados entre janeiro de 2010 e agosto de 2025, a OMS reiterou que a imunização infantil não tem qualquer relação com o autismo. Segundo a organização, as pesquisas analisadas sustentam amplamente o perfil seguro das vacinas administradas na infância e durante a gestação.
O comitê também analisou dados sobre possíveis riscos à saúde associados a vacinas que utilizam adjuvantes de alumínio, componente frequentemente citado em debates de grupos antivacina. Para isso, foram considerados estudos realizados entre 1999 e março de 2023.
Entre as pesquisas avaliadas, destaca-se um estudo de grande escala que analisou dados nacionais de 1,2 milhão de crianças nascidas na Dinamarca entre 1997 e 2018, investigando a incidência de 50 doenças crônicas, incluindo transtornos de neurodesenvolvimento e problemas autoimunes.
“Em resumo, as evidências disponíveis, de alta qualidade, não mostram associação entre as pequenas quantidades de alumínio presentes em algumas vacinas e o TEA, o que sustenta o uso contínuo de vacinas com adjuvantes de alumínio. Após sua revisão, o GACVS reafirma suas conclusões anteriores de 2002, 2004 e 2012: vacinas, incluindo aquelas com timerosal e/ou alumínio, não causam autismo”, destaca a OMS em comunicado oficial.
A organização recomenda que todas as autoridades nacionais baseiem suas políticas de vacinação na “ciência mais atual” e garantam que as decisões estejam fundamentadas nas evidências mais robustas disponíveis.
A OMS também ressalta que os esforços globais de imunização infantil representam uma das maiores conquistas da saúde pública, tendo salvado pelo menos 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos — o equivalente a seis vidas por minuto, segundo estudo publicado na revista científica The Lancet.
“Ao longo dos últimos 25 anos, a mortalidade de crianças menores de cinco anos caiu mais da metade, passando de 11 milhões para 4,8 milhões de mortes por ano, e as vacinas são a principal razão para isso. Elas estão entre as invenções mais poderosas e transformadoras da história da humanidade, protegendo contra cerca de 30 doenças, como sarampo, câncer do colo do útero, malária e outras. Como todos os produtos médicos, vacinas podem causar efeitos colaterais, os quais a OMS monitora. Mas autismo não é um efeito colateral de vacinas”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva nesta quinta-feira.
Apesar das evidências, o governo dos Estados Unidos, cujo secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., é conhecido por posições antivacina, tem restringido recomendações sobre imunização infantil. Em junho, o país deixou de recomendar vacinas anuais contra a gripe que contenham timerosal e, em setembro, restringiu orientações sobre doses contra a Covid-19.
Na semana passada, o Comitê Consultivo em Práticas de Imunização (ACIP), recentemente reformulado por Kennedy Jr., também deixou de recomendar a dose contra hepatite B para recém-nascidos.
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