A campanha Natal Sem Fome, promovida pela Ação da Cidadania, chega à sua 32ª edição batendo recorde de distribuição de alimentos. Pela primeira vez, a iniciativa ultrapassa a marca de cinco mil toneladas de alimentos distribuídos, beneficiando mais de dois milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade em todo o país. Nesta edição, a campanha conta com alimentos adquiridos por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal, fortalecendo a agricultura familiar e ampliando a qualidade nutricional das cestas.

A ação é fruto de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A distribuição começou nesta semana e seguirá ao longo dos próximos dias e nas primeiras semanas de 2026.

“Quando a sociedade civil, governo e setor privado caminham juntos, a comida chega à mesa de quem precisa e a renda permanece no campo, com quem produz. Essa parceria é uma vitória da política pública, da solidariedade e do direito que toda pessoa tem à alimentação”, destaca Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania.

Apesar dos números expressivos, o resultado da campanha acende o debate sobre a persistência da insegurança alimentar no país.

“É um sentimento ambíguo. É uma alegria conseguir distribuir quase o triplo do ano passado, mas ao mesmo tempo é frustrante pensar que ainda precisamos organizar o Natal Sem Fome”, afirma Daniel Souza, presidente do Conselho da Ação da Cidadania e filho de Herbert de Souza, o Betinho, fundador do projeto.

Daniel ressalta que, para que a fome deixe de ser uma questão no Rio de Janeiro e em todo o Brasil, é necessário investir em políticas de Estado. “Se estivesse vivo, Betinho estaria orgulhoso em ver que o Brasil retomou uma agenda de enfrentamento à fome com o Estado ao lado da população. O sonho dele sempre foi que a vida, e não a fome, fosse o que nos guiasse como país”, completa.

Criado em 1993, no mesmo ano da fundação da Ação da Cidadania, o Natal Sem Fome surgiu para combater a fome e a desigualdade social, além de promover a cultura. Após três décadas de atuação, o projeto se consolidou nacionalmente, atuando em segurança alimentar, cultura, formação profissional e resposta a emergências humanitárias.

“O Natal Sem Fome é para essas famílias. Sabemos que uma cesta básica talvez dure cerca de duas semanas, mas, pelo menos no Natal, terão uma ceia, um momento de dignidade e esperança”, reforça Daniel.

As doações para o Natal Sem Fome seguem abertas e podem ser feitas pelo site oficial da campanha. Tudo o que for arrecadado continuará sendo distribuído às famílias em situação de vulnerabilidade nas próximas semanas.