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Às vésperas de nova licitação dos ônibus, prefeitura e empresas colocam 100 novos veículos nas ruas; entenda
Veículos operados pelo Consórcio Santa Cruz marcam início da renovação antes da nova licitação, prevista para fevereiro
A Prefeitura do Rio anunciou, na manhã deste sábado, a incorporação de cerca de 100 novos ônibus com nova identidade visual para reforçar a operação em aproximadamente 20 bairros da cidade. Os veículos já começaram a circular com o layout unificado do Sistema RIO, conforme determinação da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), e marcam o início de uma nova fase do sistema de ônibus convencional, após a reestruturação do BRT.
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Prefeitura do Rio concede reajuste
A operação é realizada pelo Consórcio Santa Cruz, que atua na Zona Oeste do Rio, ingressou no sistema municipal em setembro deste ano e deve participar da concorrência pública do novo modelo de concessão. Segundo a prefeitura, a renovação da frota será acompanhada da redução de intervalos em linhas estratégicas, com promessa de mais regularidade e conforto para os passageiros.
— Esse é o primeiro petisco de 4.500 ônibus da cidade que vão ficar nesse padrão. Infelizmente, não é uma coisa que vem do dia para noite. Tem muito interesse em jogo, ação judicial, liminar e briga com máfia para mudar essa realidade, mas a gente vai vencendo com implantação do Jaé, avançando nas licitações, e aqui na Zona Oeste alguns já vão começar a sentis bastante esse impacto a partir de agora — disse Eduardo Paes, prefeito do Rio e candidato ao Governo do Estado.
Ao todo, nove linhas que atendem bairros como Sepetiba, Santa Cruz, Paciência, Cosmos, Inhoaíba, Campo Grande, Senador Vasconcelos, Santíssimo, Senador Camará, Vila Kennedy, Bangu, Padre Miguel, Realengo, Magalhães Bastos, Vila Militar, Deodoro, Marechal Hermes, Guadalupe, Barros Filho e Coelho Neto passarão a operar com frota 100% nova e padronizada.
A autorização para que os operadores do sistema de ônibus adotem a identidade visual unificada do Sistema RIO foi publicada no Diário Oficial em agosto deste ano. A norma estabelece que o novo layout só pode ser aplicado a veículos zero quilômetro e exclusivamente em linhas cuja frota seja totalmente renovada. De acordo com a prefeitura, a medida busca fortalecer a identidade do transporte público e facilitar a transição para o novo modelo que será consolidado com as futuras licitações.
Verão 2026:
Os atuais operadores também poderão adotar o novo padrão visual, desde que substituam integralmente a frota da linha por veículos novos.
Linhas com intervalos menores
As melhorias alcançam linhas distribuídas em duas grandes áreas da Zona Oeste:
Área A
— Santa Cruz, Sepetiba e Paciência
– 753 (Santa Cruz – Coelho Neto): intervalo reduzido de 24 para 13 minutos
– 754 (Santa Cruz – Terminal Deodoro): de 15 para 11 minutos
– 756 (Santa Cruz – Coelho Neto): de 12 para 10 minutos
– 757 (Sepetiba – Coelho Neto): mantém 30 minutos, com reforço operacional
– 870 (Sepetiba – Santa Cruz): de 25 para 18 minutos
Área B
— Campo Grande, Senador Vasconcelos e Santíssimo
– 731 (Campo Grande – Marechal Hermes): de 15 para 10 minutos
– 765 (Mendanha – Terminal Deodoro): de 40 para 20 minutos
– 826 (Carobinha – Campo Grande): de 40 para 25 minutos
– SN731 (Campo Grande – Marechal Hermes – Noturno): mantém intervalo de 60 minutos, conforme a característica do serviço
Segundo a prefeitura, a operação seguirá sendo monitorada em tempo real, e ajustes poderão ser feitos conforme a demanda. A gestão municipal afirma que a Zona Oeste é prioridade no processo de reorganização do sistema.
Acordos judiciais destravam investimentos
A prefeitura atribui os avanços recentes no sistema municipal de ônibus aos acordos judiciais firmados com o Ministério Público do Estado do Rio e os consórcios operadores. O primeiro, assinado em maio de 2022, permitiu uma ampla reestruturação do serviço, com a criação do subsídio por quilômetro rodado, uso de tecnologia para monitoramento da operação e aplicação de penalidades em caso de descumprimento contratual.
Reta final para garantir o Natal de quem precisa:
A partir desse acordo, a frota foi reforçada com cerca de mil novos ônibus, mais de 200 linhas foram criadas ou reativadas — incluindo 65 noturnas — e o atendimento foi retomado em mais de 800 pontos de parada, sobretudo em áreas com menor cobertura.
Um segundo acordo judicial, firmado em 30 de abril de 2025, possibilitou antecipar a nova licitação do sistema municipal, originalmente prevista para 2028. Desde então, a qualidade da operação passou a ser avaliada trimestralmente por meio do Índice de Qualidade do Transporte (IQT), que considera critérios como número de infrações, satisfação dos passageiros, idade média da frota, presença de ar-condicionado, regularidade das viagens e operação sem penalidades. Empresas com IQT inferior a 0,8 podem perder o direito de exclusividade sobre as linhas que operam.
Para a secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, a chegada dos novos ônibus, mesmo antes da assinatura dos contratos do novo sistema, tem peso simbólico.
— A primeira licitação do novo sistema vai acontecer no dia 6 de fevereiro. O que a gente está vendo hoje ainda não é o contrato novo, é a vigência do contrato antigo. Mas é um símbolo muito importante: as empresas estão voltando a investir no sistema com a aquisição de 100 ônibus novos. Isso é resultado do trabalho dos últimos cinco anos, que vem trazendo confiança para que os empresários voltem a investir em nova frota — afirmou.
ISP:
Licitação já foi lançada
A Prefeitura do Rio já lançou a primeira etapa das licitações do Sistema RIO — Rede Integrada de Ônibus, iniciando a renovação do transporte municipal justamente pela Zona Oeste. Serão três lotes — um em Santa Cruz e dois em Campo Grande — com investimento estimado em R$ 500 milhões. A sessão pública de concorrência está marcada para o dia 6 de fevereiro, às 11h, na sede da CCPAR, no bairro da Saúde. A previsão é que os vencedores comecem a operar em abril de 2026.
Nesta fase, as concessões terão validade de dez anos, prorrogáveis por igual período. As concessionárias serão responsáveis pela aquisição e operação da frota, manutenção dos veículos, gestão das garagens públicas e implantação de sistemas inteligentes de transporte para monitoramento em tempo real.
Rio vai amarelar:
O novo modelo prevê remuneração por quilômetro rodado, com subsídio público, e avaliação da qualidade por meio do Índice de Desempenho do Transporte (IDT), também analisado trimestralmente. A frota deverá ser totalmente acessível, equipada com ar-condicionado, piso baixo nos veículos básicos, três portas, rampa de acessibilidade e tecnologia Euro VI, que reduz a emissão de poluentes. Também está prevista a extinção do pagamento em dinheiro a bordo, com bilhetagem exclusivamente eletrônica.
As próximas fases da licitação serão organizadas por regiões, priorizando áreas com pior desempenho operacional. O cronograma prevê a expansão gradual do novo modelo até 2028, quando todo o sistema municipal deverá operar sob os novos contratos.
— A decisão que a gente está fazendo acontece agora nos meados de fevereiro e também é um lote aqui na Zona Oeste da cidade. Então a gente está buscando pegar está tudo muito ruim em todos os lugares, mas é óbvio que a gente está buscando priorizar as áreas da cidade onde o atendimento é praticamente inexistente, onde os ônibus estão caindo ainda mais aos pedaços do que em outras áreas da cidade. Então é uma regra que vai valer daqui para frente. Agora, a gente tem sensor de ar-condicionado, a gente sabe se os caras estão com a frota adequada, com GPS, se eles estão andando no horário, se eles estão atendendo as pessoas de fato. Não tem mais fiscalização praticamente humana, que às vezes é suscetível a desvios de conduta. A tecnologia não mente, deixa registrada, e a gente pode agir corrigindo — disse Paes.
Questionado sobre o interesse das empresas na nova licitação, o prefeito afirmou que a disputa será aberta, mas condicionada ao cumprimento rigoroso das regras.
— Antes que todo mundo vai disputar, o que a gente vai exigir é condições para conduzir isso. E o que essa gente que está entrando tem que entender é que aqui no Rio de Janeiro, se cumprir bonitinho vai ter respeito ao poder público, vai receber o subsídio, vai ter carinho da população. Se não cumprir, se vier para cá achando que vai fazer o que essa turma que está indo embora fez ao longo de anos, vai se ferrar, vai se dar muito mal — afirmou.
Sobre a possibilidade de participação das empresas que atualmente deixam o sistema, Paes disse que a legislação não permite veto automático, mas sinalizou restrições práticas.
— Olha só, a gente não pode proibir ninguém de participar. Você tem no processo licitatório, tem lá os pré-requisitos para alguém participar de uma licitação. Cumprir os pré-requisitos, vai poder participar. Eu acredito que tem um monte de delinquente mafioso que não vai poder participar, porque a gente já conhece eles aqui na cidade do Rio — completou.
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