Botafogo, na Zona Sul do Rio, registrou um aumento expressivo de 76% nos roubos de celular no primeiro semestre deste ano. Com 333 casos, o bairro passou a ocupar a terceira posição entre os que mais concentram esse tipo de crime na cidade.

Segundo policiais e especialistas, dois fatores contribuem para esse cenário: o esvaziamento do Centro, que provocou a migração de uma população vulnerável envolvida em crimes de oportunidade, como furtos e roubos de celulares, para o Aterro do Flamengo e bairros vizinhos; e a intensificação do policiamento em Copacabana desde 2024, que reduziu os registros na orla, mas levou ao deslocamento de criminosos para regiões próximas.

“Quanto mais intenso é o policiamento numa região, maior é o custo do crime ali. O criminoso não desaparece, ele migra. E Botafogo é o bairro contíguo onde esse custo ficou mais baixo, principalmente para delitos de oportunidade, como roubos de celular. Botafogo se tornou uma alternativa mais rentável para o crime”, explica Pablo Nunes, diretor do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec).

Para entender a dinâmica da violência no Rio e em Niterói, o Mapa do Crime, ferramenta desenvolvida pelo GLOBO, monitora roubos com dados inéditos por bairros. A segunda edição da plataforma, lançada com dados do primeiro semestre de 2025, traz informações detalhadas sobre roubos de celular, a transeunte, de veículo e em coletivo em 147 bairros da capital fluminense e 51 de Niterói.

A ferramenta foi produzida a partir de microdados obtidos via Lei de Acesso à Informação junto ao Instituto de Segurança Pública (ISP), que normalmente divulga estatísticas por áreas abrangendo vários bairros. Pela primeira vez, os indicadores criminais do Rio são divulgados com detalhamento por bairro, permitindo uma análise mais precisa das dinâmicas locais.