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TH Jóias: quem é deputado preso por tráfico, lavagem de dinheiro e vínculo com Comando Vermelho no Rio
Eleito pelo MDB, ele é investigado por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de ser acusado de usar o mandato na Alerj para favorecer facção criminosa
A Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Unha e Carne, que sobre investigações e ações de repressão ao crime organizado. Nesta terça-feira, o desembargador Macário Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foi preso por suspeita de favorecimento ao Comando Vermelho. No início de dezembro, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar, foi detido por suspeita de repassar dados sobre a Operação Zargun, deflagrada em setembro, quando o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Jóias, foi preso.
O magistrado Macário Júdice Neto é relator do processo que envolve o ex-deputado estadual TH Jóias, preso por ligação direta com o Comando Vermelho.
Quem é TH Jóias?
O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva,, tem 36 anos e ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) pelo MDB, após assumir em 2024 como suplente, com a morte do deputado Otoni de Paula Pai. Preso hoje, ele tinha um habeas corpus que garantia seu mandato. Atualmente, preside a Comissão de Defesa Civil, responsável por coordenar ações de prevenção a desastres no estado.
Sua trajetória política, no entanto, é marcada por denúncias graves. Ele responde a processos por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, além de ser suspeito de intermediar negociações de armas com o Comando Vermelho (CV). Nesta quarta-feira, ele foi preso na operação da Polícia Federal, Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro. Pelo menos 18 pessoas foram alvo de mandados, incluindo um assessor direto do deputado, que acabou preso também.
Apesar do histórico criminal, TH se lançou na política pelo MDB, que, após sua prisão, anunciou que o expulsaria do partido. Em 2022, recebeu 15.105 votos, ficando como suplente. Dois anos depois, conquistou a vaga definitiva na Alerj, após obter habeas corpus que lhe garantiu responder aos processos em liberdade. O Ministério Público afirma que o parlamentar teria utilizado o mandato para beneficiar a facção criminosa, nomeando aliados em cargos na Assembleia.
As investigações apontam um esquema de corrupção envolvendo a liderança do CV no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos, incluindo um delegado da PF, policiais militares, ex-secretário municipal e o próprio deputado. Segundo os investigadores, a “organização infiltrava-se na administração pública para garantir impunidade e acesso a informações sigilosas, além de importar armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendidos até para facções rivais”. Os investigados poderão responder por organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Ao ligar para o gabinete de TH Jóias, a informação fornecida pela atendente é que a equipe não tem nada a pronunciar sobre o caso. Já a Polícia Militar observa que os policiais presos serão conduzidos à unida prisional da corporação.
Da joalheria à política
Nascido no Morro do Fubá, na Zona Norte do Rio, TH herdou do pai, Juberto, o ofício de ourives. Cresceu acompanhando o trabalho da família em Madureira e, aos 19 anos, assumiu o negócio. Transformou a joalheria em uma marca de ostentação, que conquistou celebridades. Investigações posteriores apontaram que, parte das peças confeccionada por TH em sua trajetória, era com ouro roubado.
Paralelamente, TH buscava ampliar sua influência patrocinando feijoadas, campeonatos de futebol, festas em comunidades e camarotes de carnaval, sempre associado a uma imagem de empresário bem-sucedido e “generoso”. Também financiava projetos sociais em favelas e apoiava atletas e músicos. Em seu perfil no site da Alerj, ainda ligado ao MDB, ele afirma que “com recursos próprios, apoiou centenas de atletas amadores e profissionais, além de artistas em ascensão”. Sua aproximação com a política ocorreu por meio do ex-policial Marcos Falcon, então presidente da Portela, assassinado em 2016 durante campanha para vereador.
Prisão e investigações
Em 2017, TH foi preso pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), acusado de ser um dos principais articuladores do tráfico de drogas e armas do Rio. As investigações revelaram que atuava junto às três facções rivais do estado — Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos (ADA) — lavando dinheiro e controlando parte da contabilidade criminosa.
Interceptações telefônicas mostraram diálogos em que negociava armas e drogas, além de pagamentos a traficantes. Em mensagens obtidas pela polícia, constava inclusive o nome de Danúbia de Souza Rangel, então mulher de Nem da Rocinha, como beneficiária de valores repassados pelas facções.
Na operação, foram apreendidos quatro carros de luxo — incluindo um Jaguar e duas Land Rover — além de joias, dinheiro e imóveis. A investigação apontou que a lavagem de dinheiro era feita por meio de restaurantes em Madureira, empresas de fachada, viagens internacionais, roupas de grife, hospedagens em resorts e autonomias de táxi. Policiais civis e militares também foram identificados no esquema, entre eles Carlinhos Pitbull e Renato Zille Cardoso, que recebiam propina para avisar sobre operações policiais.
Da prisão ao mandato
Mesmo com o histórico judicial, TH obteve 15.105 votos em 2022, ficando como suplente. Em 2024, conquistou a vaga definitiva após conseguir habeas corpus para responder aos processos em liberdade.
Hoje, volta ao centro das investigações, acusado de usar o mandato para favorecer facção criminosa.
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