Uma acalorada discussão entre os ministros Dias Toffoli e André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe à tona divergências dentro da Corte em torno do caso do desembargador Macário Judice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).

O magistrado foi preso nesta terça-feira (4), durante operação da Polícia Federal (PF) que investiga o envolvimento de agentes públicos no vazamento de informações sigilosas de uma apuração que atingiu o ex-deputado estadual do Rio de Janeiro, Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias.

Em novembro, a Turma do STF analisou uma ação movida pelo desembargador contra um procurador do Ministério Público Federal (MPF), na qual pedia indenização por danos morais.

O debate entre Toffoli e Mendonça começou quando o relator, Toffoli, alertou para o risco de a Corte abrir um "precedente perigosíssimo" ao relativizar teses já fixadas pelo STF. Mendonça discordou, citando um voto anterior de Toffoli que, segundo ele, teria entendimento semelhante ao que agora era criticado.

Toffoli reagiu: "Vossa excelência está colocando palavras no meu voto que não existiram. Achei desrespeitoso. Nunca fiquei interpretando voto de colega. Não coloco na minha boca voto do colega", afirmou.

Mendonça respondeu que apenas lia o voto e reforçou seu respeito ao colega: "Respeito vossa excelência. Meu voto é meu voto".

Mesmo assim, Mendonça seguiu lendo um trecho do voto anterior de Toffoli e explicou que fazia sua própria interpretação sobre a questão. Toffoli retrucou: "Vossa excelência interpreta o meu voto e eu interpreto o seu".

A discussão se acirrou quando Mendonça sugeriu que Toffoli estaria "um pouco exaltado por causa desse caso, sem necessidade". Toffoli finalizou: "Eu fico exaltado com covardia".

A operação da PF, deflagrada nesta terça-feira, também resultou na prisão do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar.