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Quem é Rodrigo Bacellar, deputado investigado por esquema de vazamento que levou à prisão de desembargador do TRF-2
Desembargador Macário Júdice Neto, relator do caso TH Joias, foi preso pela PF; semanas antes, Bacellar já havia sido detido por suspeita de participação no mesmo esquema.
Duas semanas após a prisão do deputado Rodrigo Bacellar (União), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), a Polícia Federal cumpriu, nesta terça-feira, mandado de prisão contra o desembargador Macário Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). A ação faz parte da Operação Unha e Carne 2, que apura o vazamento de informações sigilosas de investigações para grupos criminosos.
Macário Júdice Neto é relator do processo envolvendo o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, preso por ligação com o Comando Vermelho. Segundo as investigações, o magistrado teria atuado para favorecer o grupo criminoso. Já Rodrigo Bacellar é suspeito de vazar informações da Operação Zargun, deflagrada em setembro, quando TH Joias foi preso.
Trajetória política de Rodrigo Bacellar
Deputado estadual desde 2018, Rodrigo Bacellar construiu trajetória marcada por ascensão rápida e influência na política fluminense. Reeleito por unanimidade presidente da Alerj em fevereiro deste ano — feito inédito —, Bacellar consolidou seu poder na Casa e no governo estadual, despontando como nome da direita para a disputa ao governo do Rio.
Bacellar foi secretário de Estado e, em sua primeira eleição, conquistou 26.135 votos pelo Solidariedade. Em 2022, já pelo PL, foi reeleito com 97.822 votos. Destacou-se ao relatar o processo de impeachment do então governador Wilson Witzel, que levou o aliado Cláudio Castro ao comando do Palácio Guanabara.
É o segundo presidente da Alerj preso no exercício do cargo — antes dele, Jorge Picciani foi detido em 2017, durante a Operação Cadeia Velha.
Mudanças partidárias e alianças
Em março de 2024, Bacellar filiou-se ao União Brasil, após passagem pelo Partido Liberal (PL). Em meio a disputas internas, Bacellar articulou alianças com diferentes legendas, incluindo partidos de centro e esquerda, e garantiu apoio integral do PL ao negociar cargos estratégicos, como a vice-presidência da Casa e o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Alvos de investigação
Em agosto, o Ministério Público do Rio abriu investigação para apurar possíveis atos de improbidade administrativa envolvendo Bacellar, incluindo suspeitas de evolução patrimonial incompatível e suposta sociedade oculta em frigorífico financiado por agência do governo estadual. O deputado nega as acusações.
Em 2010, Bacellar foi citado em investigação do MP-RJ sobre um suposto esquema de “aluguel” da prefeitura de Cambuci, no Noroeste Fluminense. Depoimentos apontam que ele e seu pai, Marcos Bacellar, teriam pago R$ 160 mil mensais ao então prefeito para controlar a administração municipal e influenciar processos licitatórios. Bacellar, à época presidente da extinta Fundação Estadual Norte Fluminense (Fenorte), teria nomeado aliados estratégicos na prefeitura.
Relatos ao MP também mencionam tentativas de intimidação a denunciantes do esquema, incluindo ameaças e disparos contra a casa de um vereador. Bacellar, no entanto, não foi denunciado nem ouvido formalmente pelo Ministério Público. Procurado, negou envolvimento, mas não se posicionou oficialmente.
O Ministério Público ainda atribui à família Bacellar outros episódios controversos em Campos dos Goytacazes, como uso irregular de funcionários terceirizados e desvios em empresa municipal, além de nomeações de aliados em cargos estratégicos.
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