Uma pesquisa realizada pela Ouvidoria da Mulher da OAB-RJ revelou que 67,7% das advogadas vítimas de violência física ou psicológica não denunciaram seus agressores. O levantamento, intitulado "Ser Advogada Não me Salva", contou com a participação de 989 profissionais do Direito.

Para coletar os dados, a OAB-RJ disponibilizou temporariamente em seu portal um questionário com 17 perguntas sobre violência contra a mulher advogada. O estudo apontou que 78,6% das participantes já sofreram algum tipo de violência.

A violência psicológica foi a mais recorrente, atingindo 85,3% das vítimas. Os principais agressores mencionados foram parceiros ou ex-parceiros (37,9%) e colegas de profissão (17,2%). Entre as respondentes, 97,1% se declararam mulheres cisgênero, sendo as faixas etárias mais afetadas as de 35 a 45 anos (36,5%) e de 25 a 35 anos (23,5%). Quase metade das advogadas (49,7%) reside na capital fluminense.

“Infelizmente, o nosso estado ainda ocupa o segundo lugar no país em casos de violência contra a mulher. É urgente que o poder público priorize o enfrentamento deste sério problema social e nós, como ponte com a população, vamos lutar por isso”, afirmou a presidente da OAB-RJ, Ana Tereza Basilio.

Diante dos primeiros resultados, a Ouvidoria da Mulher está realizando um novo levantamento para identificar cerca de 500 mulheres que aceitaram conversar com a equipe. Segundo Andréa Tinoco, ouvidora da Mulher da OAB-RJ, o objetivo é oferecer apoio, estruturar políticas internas de prevenção, orientação e conscientização, criando um ambiente mais seguro e acolhedor para as advogadas:

“Nosso compromisso é transformar esses números em políticas que garantam um exercício profissional livre de qualquer forma de violência e discriminação. A escuta ativa das advogadas será o eixo central dessa construção.”